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Jornalismo

Em novas conversas, Moro orienta procurador a contestar fala de Lula

O então juiz sugere que o MP divulgue, na imprensa, as contradições no depoimento do ex-presidente, pois "a defesa de Lula já fez o showzinho dela"

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Em novas conversas, Moro orienta procurador a contestar fala de Lula
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Em um novo diálogo divulgado pelo site 'The Intercept Brasil', neste sábado (15), o então juiz Sérgio Moro orienta os procuradores da Lava Jato a apontar, na imprensa, as contradições no depoimento do ex-presidente Lula. 

Os novos trechos trazem conversas entre Moro e o à época procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. 

A data das mensagens é de 10 de maio de 2017, dia em que o ex-presidente ficou frente a frente, pela primeira vez, com Sério Moro, ao depor sobre o caso do tríplex no Guarujá. Segundo o site, depois do depoimento, o juiz teria enviado uma mensagem ao procurador da Força-Tarefa da Lava Jato perguntando a opinião dele. 

Às 22h10 da noite, Santos Lima respondeu elogiando Moro pela condução do depoimento e disse que "Lula cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa". 

O procurador ainda escreveu: "Você (Sérgio Moro) ter começado com o tríplex desmontou um pouco ele". 

Dois minutos depois, o juiz responde e sugere que o Ministério Público deveria divulgar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele, porque "a defesa de Lula já fez o showzinho dela". 

Esse "showzinho", ao qual se refere Moro, foi a entrevista coletiva concedida, no mesmo dia, pelos advogados do ex-presidente. Nela, eles criticaram o juiz e o acusaram de fazer perguntas sobre assuntos que não faziam parte da investigação. 

Também na mesma ocasião, Lula fez um pronunciamento, em Curitiba, onde lançou, informalmente, sua candidatura às eleições de 2018. 

Já sobre o pedido de Sérgio Moro para que o MP fizesse uma nota, o procurador responde: "Podemos fazer". Ele diz ainda que o mais importante foi frustrar a ideia de que ele - Lula - conseguiria "transformar tudo em uma perseguição". 

Minutos depois, ainda segundo as supostas mensagens trocadas, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima teria copiado a conversa que teve com Sérgio Moro e enviado para o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. O objetivo seria discutir a nota do Ministério Público Federal, sugeria pelo juiz. 

Deltan responde que é preciso avaliar pontos, como dar protagonismo a Moro, deixá-lo mais protegido e contrabalancear o show da defesa de Lula. O coordenador ainda concordou que o melhor formato seria mesmo uma nota para diminuir riscos. 

A nota sugerida por Sérgio Moro foi publicada no dia 11 de maio de 2017, dia seguinte ao depoimento do ex-presidente. Nela, a Força-Tarefa esclarece que a defesa de Lula prestou informação falsa à sociedade. 

Sobre as contradições do interrogatório, o Ministério Público Federal se manifestaria nas alegações finais do processo. 

Em resposta à divulgação dos novos diálogos, o ministério da Justiça divulgou uma nota em que afirma que Sérgio Moro não reconhece a autenticidade das conversas e que não irá comentar supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers, que podem ter sido adulteradas e editadas.

Em nota, a defesa do ex-presidente Lula disse que "as novas mensagens reveladas, além de afastar qualquer dúvida de que o ex-juiz Sérgio Moro jamais teve um olhar imparcial em relação a Lula, mostram o patrocínio estatal de uma perseguição pessoal e profissional, respectivamente, ao ex-presidente e aos advogados dele". 

Ainda na tarde deste sábado (15), antes de embarcar para Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Bolsonaro voltou a defender Sérgio Moro, mas disse que confiar cem por cento só se confia no pai e na mãe. 

"Eu não sei das particularidades da vida do Moro, eu não frequento a casa dele. Ele não frequenta minha casa, por questões até de local, onde moram nossas famílias. Mas, mesmo assim, meu pai dizia para mim: confie 100% só em mim e sua mãe".

 

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