Publicidade
Jornalismo

Moro admite "descuido" ao repassar informação para Dallagnol

O ministro da Justiça e Segurança Pública também negou que tenha havido ilegalidade, nas conversas enquanto ainda era juiz, e disse que continuará no cargo

Imagem da noticia Moro admite "descuido" ao repassar informação para Dallagnol
Moro admite "descuido" ao repassar informação para Dallagnol
• Atualizado em
Publicidade

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, reconheceu nesta sexta-feira (14) que cometeu "um descuido" ao repassar informações para o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, e descartou a possibilidade de deixar o cargo.

As conversas reveladas pelo site 'The Intercept Brasil' são da época em que Moro era juiz dos processos da operação no Paraná. 

"Simplesmente receber uma notícia-crime e repassar a informação não pode ser classificado como uma conduta imprópria. Ali, nós temos que compreender o contexto do trabalho que havia na 13ª Vara naquela época. Nós atendíamos várias questões urgentes, operações que envolviam o enfrentamento de pessoas muito poderosas envolvidas em corrupção. Então, tinha uma dinâmica do trabalho que era muito intenso. Eventualmente, pode ter tido havido algum descuido formal", argumentou. 

O ministro também duvidou da veracidade das conversas publicadas. "Não posso afirmar a autenticidade dessas mensagens. Eu não tenho esses registros. Eu não estava no Telegram há muito tempo."

Moro ainda rebateu a fala do ministro Gilmar Mendes que, em entrevista, disse que o então juiz e o procurador anularam a condenação de Lula no caso do tríplex. "O que existe é uma manipulação sensacionalista do conteúdo dessas mensagens, o que tem levado à parte da opinião pública, e até mesmo autoridades, a se equivocar a respeito do teor dessas mensagens".

Sérgio Moro também garantiu que a Polícia Federal está investigando os ataques digitais com autonomia e afirmou que o alvo são as instituições brasileiras. 

Em ao menos dois episódios revelados pelas conversas, as instruções de Moro foram seguidas por Deltan Dallagnol formalmente na Lava Jato: em 2015, quando o Ministério Público pediu a prisão de diretores da Odebrecht e excluiu Alexandrino Alencar - como sugerido por Moro -, e em novembro do mesmo ano, quando os procuradores não recorreram de uma decisão de Moro sobre a condenação de delatores. 

Juristas ouvidos pelo SBT têm opiniões diferentes sobre as conversas de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol. 

O juiz aposentado e hoje advogado criminalista Pedro Paulo Castelo Branco defendeu que o juiz pode participar da investigação. "O juiz é um copartícipe da investigação criminal. Nosso sistema é esse: o mesmo juiz que começa, que inicia o procedimento penal, a instrução criminal, é o juiz que vai julgar amanhã ou depois o processo concluso, pronto".

Já para o ex-presidente da OAB, Cézar Britto, Moro e Dallagnol combinaram estratégias com o objetivo de condenar investigados. "Este é um processo em que o Ministério Público e juiz se confundem na obtenção de um resultado processual. Esse processo é nulo. Esse processo fere claramente o princípio democrático da igualdade das partes".

 

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade