Violência sexual infantil: 17,7% das mulheres e 12,5% dos homens foram vítimas no Brasil
Estudo inédito do The Lancet aponta que a realidade de abuso sexual no país se aproxima de dados globais

Júlia Zuin
No Brasil, 1 a cada 6 mulheres foi vítima de violência sexual enquanto criança. A afirmação corresponde a uma pesquisa inédita divulgada na última quarta-feira (7) pelo The Lancet. Em relação aos homens, 1 em cada 8 também foi vítima durante a infância.

A estimativa se aproxima dos dados globais. Segundo a revista científica, 18,9% dos indivíduos do sexo feminino, em todo o mundo, foram expostos a violência sexual infantil. Já em território nacional, o número corresponde a 17,7%. Confira o gráfico à seguir:

O estudo foi conduzido entre 1990 e 2023. De acordo com a análise, grande parte dos casos de violência contra as mulheres ocorreram na Ásia, principalmente na Índia (30,8%). Entre os homens, os maiores índices foram no continente africano, com destaque para Costa do Marfim (28,3%).
O conceito de "violência sexual" é caracterizado como qualquer ato libidinoso indesejado e não consentido entre ambas as partes. A questão não é atual – trata-se de um fenômeno estrutural que acompanha a humanidade desde seus primórdios e afeta majoritariamente mulheres e crianças, como mostram as estatísticas.
A definição, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é: "Todo ato sexual, tentativa de consumar um ato sexual ou insinuações sexuais indesejadas, ou ações para comercializar ou usar de qualquer outro modo a sexualidade de uma pessoa por meio da coerção por outra pessoa, independentemente da relação desta com a vítima, em qualquer âmbito, incluindo o lar e o local de trabalho".
O governo brasileiro garante atendimento gratuito e sigiloso por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) para vítimas de violência sexual.
Nesses casos, o recomendado pela autoridade é procurar auxílio médico o quanto antes, preferencialmente nas primeiras 72 horas depois do ocorrido. Ademais, o governo disponibiliza canais de atendimento por telefone: 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou Disque 100 (Direitos Humanos). A ligação é gratuita e pode ser anônima.
Outros canais de ajuda:
Disque 136 – Informações sobre serviços de saúde;
Polícia Militar: 190 – Para emergências imediatas.