Vídeo: Filha de Cupertino diz ao júri que era agredida se chorasse ao ver a mãe sendo espancada
Isabela Tibcherani prestou depoimento no julgamento do pai antes de ser anulado; ela relembrou o crime, contou restrições e rotina de violência
O SBT News teve acesso ao depoimento de Isabela e Vanessa Tibcherani, filha e ex-esposa de Paulo Cupertino, durante o julgamento dele, no dia 10 de outubro, no fórum da Barra Funda, em São Paulo. Cupertino é acusado de matar o ator Rafael Miguel e seus pais, João Alcisio e Miriam Selma, por não aceitar o relacionamento do artista com Isabela.
No entanto, o processo judicial foi anulado após Cupertino destituir o advogado de defesa, quando somente a filha e a mãe havia deposto.
Filha do réu
Em depoimento, Isabela relembrou como o crime aconteceu no dia 9 de junho de 2019. Ela chegou à residência dos sogros chorando porque o pai não aceitar a relação. João e Miriam, ao lado de Rafael, decidiram levá-la para casa em segurança e para entender a situação da jovem. No local, eles foram surpreendidos por disparos de Cupertino.
"Quando os disparos terminaram, eu vi a cena. Era o corpo do Rafa em cima do corpo da mãe dele [...] e o corpo do pai no meio da rua", conta Isabela.
Restrições
Durante o julgamento, Isabela contou como era sua rotina de restrições impostas pelo pai. A “minha liberdade de ir e vir era do trajeto de casa até a escola e nos poucos momentos que eu podia ir em alguma festa da escola, a companheira era minha mãe”.
"O tratamento comigo era diferente por eu ser mulher", diz.
O réu falava para a filha que ela só poderia namorar depois dos 30 anos, “se ele deixasse”. Ela disse que tentava, na época, compreender os motivos para que o pai a tratasse desse jeito, mas era respondida com maus-tratos por Cupertino.
"Muitas vezes ele chegava em casa transtornado, me agredia com palavras, fisicamente, sem motivo, e isso foi gerando um afastamento natural", lembra.
Violências
Para a filha, a máscara de Cupertino, que se passava por um pai protetor, foi caindo conforme ela presenciava e vivenciava as violências em casa.
"Aos poucos, eu fui criando maturidade e consciência dos fatos. Eu via minha mãe sendo espancada, vendo as coisas erradas"
Segundo o depoimento de Isabela, ela era vítima de agressões quando chorava ao ver a situação da mãe, que teria sido encarcerada e espancada em diferentes situações. Além disso, outros familiares também passavam por risco de vida por causa da relação com o réu.