Transtorno de ansiedade em animais explodiu após pandemia; saiba o que fazer
SBT News conversou com um comportamentalista animal, que explicou os sintomas e ações que os tutores podem tomar para ajudar o pet

Giovanna Colossi
O transtorno de ansiedade não afeta apenas seres humanos. Animais também podem sofrer com condições semelhantes, manifestando-se de formas muitas vezes preocupantes. Um exemplo recente e que viralizou na internet é o caso do gato Thor, um felino de sete anos que causou graves ferimentos em sua tutora, Luciana Nascimento, de 49 anos, durante um episódio de comportamento agressivo.
Em entrevista ao G1, Luciana revelou que o comportamento agressivo do felino começou ainda na fase de filhote e, apesar dos esforços da família para acalmá-lo, eles se veem sem alternativas, pois não pretendem se desfazer do animal e os especialistas consultados já chegaram até mesmo a sugerir eutanásia.
O SBT News conversou com Wagner Brandão, comportamentalista animal, que explicou as possíveis causas que levam os animais a terem transtorno de ansiedade e algumas atitudes que podem ajudar com o problema.
Segundo Brandão, são vários os motivos que podem causar estresse nos animais: mudanças na rotina, muito barulho, a chegada de um novo pet e ansiedade de separação — a mais comum de acordo com o especialista.
"Muita gente usa o termo síndrome da ansiedade de separação, mas está errado. Não é um problema genético, é um problema na rotina da casa do animal e acontece tanto em gatos quanto em cães. Houve um boom após a pandemia, mas sempre existiu", diz.
O comportamentalista de animais dá um exemplo bastante comum que pode causar esse tipo de reação no animal: aquela festinha sempre que chegamos em casa.
Segundo o especialista, ao fazer isso, estamos adestrando os pets que aquele horário é o momento de recreio com o tutor. E, segundo Brandão, os animais são rotineiros, qualquer atraso, pode se tornar um motivo de ansiedade para eles.
"Vamos supor que o tutor, que sempre chega às 17h, só chega às 20h, o animal vai ficar estressado. Cinco horas da tarde é o pico de ansiedade do animal, porque é o horário que a tutora ensinou como horário do recreio com ela", explica e continua: "E o que é o estresse animal? Falando de forma comportamental, é a destruição em massa, o xixi no lugar errado, comer batente de porta, pegar roupa no varal, qualquer comportamento errático para chamar atenção do tutor que está atrasado"
"Mas tem o lado veterinário também. Uma pessoa estressada geralmente apresenta problemas de saúde, não é? O animal também, eles podem ter inflamação na bexiga, conhecida como Síndrome de Pandora, problema de pele, pressão alta, diabetes e por aí vai", pontua.
O que fazer?
Brandão explica que em casos de ansiedade por separação, o adestramento é a melhor solução, e pode começar com uma mudança de comportamento simples dos tutores.
Isso mesmo. Ao chegar em casa, os tutores devem ignorar os animais e resistir a típica e irresistível cara de dó.
"Ao chegar em casa, beba sua água, guarde sua bolsa, vá no banheiro, converse com o seu companheiro, faça o que tem que fazer, até que eles deixem de prestar atenção e parem de cobrar atenção de você", afirma Brandão.
"Quando eles não estiverem cobrando atenção, é a hora que você pode dar atenção para eles. O que significa isso? Que o dominante do bando, que são todas as pessoas da casa menos os animais, está agradando eles (os pets) quando quer, não porque chegou na casa e tem essa obrigação", continua.
"Então eles vão começar a entender que os líderes do bando estão fazendo carinho a hora que eles querem e não porque eles chegaram, com isso o animal não vai ficar mais ansioso pela chegada dos tutores. Isso vai começar a tirar essa ansiedade de separação", pontua.
"A ansiedade de separação é uma das principais causas hoje em dia, pós-pandemia, de problemas de saúde em animais, principalmente em cães e gatos", completa