Tabata: "Internação compulsória é decisão de médico, não do prefeito de plantão"
Em entrevista exclusiva para o SBT News, pré-candidata do PSB à Prefeitura de SP diz que falou sobre soluções para a Cracolândia com todos os ex-prefeitos
A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB) afirmou, em entrevista exclusiva ao SBT News, nesta segunda-feira (22), que se reuniu com todos os últimos ex-prefeitos de São Paulo para entender qual a solução para a Cracolândia. O objetivo, segundo ela, é chegar a soluções a partir das dificuldades e dos êxitos vivenciados pelos antecessores ao lidar com a área de consumo e tráfico de drogas ao ar livre que ocupa várias partes da região central da capital paulista.
"Muita gente tentou, eu preciso entender por que não conseguiram. Sentei com diversos ex-prefeitos de São Paulo, Marta [Suplicy], [Fernando] Haddad, [Gilberto] Kassab, [José] Serra e perguntei para eles: Como foi? O que cada um faria de diferente?"
Segundo ela, durante as conversas, cada um trouxe uma abordagem diferente para o problema, combinando foco na saúde mental, na assistência e na segurança pública, para chegar a uma "abordagem mais complexa e respeitosa".
"O foco na saúde mental: tem muita gente doente que busca um tratamento e a gente não tem vaga. O foco na questão da segurança pública: existe todo um mercado, uma economia do crime que está ali acontecendo da pessoa que pega o reciclável, troca por um dinheiro, compra a droga e a não estamos enxergando isso", explica.
Ela ressalta que, muitas vezes, a pessoa recebe um tratamento, mas "não tem um vínculo com família, um emprego", por isso acaba voltando para a rua.
Internação compulsória
Tabata lembrou que perdeu seu pai para o crack quando tinha 18 anos e criticou a politização da internação compulsória de usuários de crack. Ela afirma que, nesse tema, estará sempre ao lado da ciência, que estabelece um padrão internacional para delimitar em que momento a pessoa "não decide mais sobre si".
"Sempre digo que o que matou meu pai foi o preconceito. Meu pai era bipolar e não foi diagnosticado. Meu pai foi dependente químico e alcoólatra, mas sempre foi tratado como vagabundo. Ele sempre quis se internar, mas nunca encontrou uma vaga", disse "A internação compulsória é uma decisão do médico não do prefeito de plantão. Nunca vou deixar que esse debate de saúde mental seja um debate político feito nas redes sociais. É um debate de médicos e cientistas, são eles que a gente deve escutar".
Rejeição a rótulos na política
Além de ex-prefeitos, a deputada afirma que pediu ajuda a especialistas e gestores que participaram de programas de enfrentamento à Cracolândia em estiveram em diferentes gestões. Ela citou nomes como Luciana Temer, que foi secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social do programa Braços Abertos, da gestão Haddad (PT); Floriano Pesaro, secretário de Assistência e Desenvolvimento Social nas gestões Serra e Kassab; o coronel José Roberto, ex-secretário municipal de Segurança Urbana dos governos de João Doria (PSDB) e Bruno Covas (PSDB); além de Laura Muller Machado, coordenadora do Núcleo População em Situação de Rua do Insper; e Leandro Piquet, coordenador da Escola de Segurança Multidimensional da Universidade de São Paulo (USP).
"O problema é muito difícil e, se a gente não tiver humildade e não somar esforços, a gente não vai conseguir enfrentar", disse. Na entrevista, Tabata reforçou a intenção de não ser classificada em nenhum dos lados do espectro político.
“Posso ser de Centro, centro-esquerda, social democracia, social junto com o fiscal, efetividade... Tem muitos nomes, mas os nomes estão vazios de significado”, afirma. "Por que as pessoas preferem escolher o rótulo vão colocar em mim antes de saber quais projetos propus, como votei em cada um dos 100 projetos que analisamos por mês, como a Tabata destina as emendas parlamentares?"
A deputada diz que quer ousar buscar desenvolvimento econômico e proteção ambiental, combate à corrupção e investimento em educação – citando políticas geralmente classificadas como de direita e de esquerda. Ela afirmou que não se furtará a discutir segurança pública, um tema tradicionalmente ligado à direita, e terá uma posição para cada tema.
Questionada sobre a influência da polarização na eleição municipal – o pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) terá o apoio do presidente Lula (PT) e o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que pleiteia a reeleição, deve ter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no palanque – a pré-candidata do PSB mantém sua posição. "Na última eleição municipal São Paulo elegeu Bruno Covas (PSDB), que não era candidato nem de Lula nem de Bolsonaro", lembrou. "A gente não pode dar uma carta em branco para alguém só porque a pessoa recebeu recomendação de Lula ou de Bolsonaro".