Polícia de São Paulo investiga cartazes que associam Mackenzie à Ku Klux Klan espalhados por Higienópolis
Imagens circulam um mês após denúncia de ataques racistas a uma aluna do colégio; caso é tratado como difamação contra a instituição de ensino
Ana Clara Souza
A Polícia Civil investiga a colagem de cartazes de teor racista e com imagens que fazem referência à Ku Klux Klan (KKK), organização supremacista branca dos Estados Unidos, nas ruas próximas ao campus do Mackenzie, em Higienópolis, na região central da capital São Paulo.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o caso é tratado como difamação contra a instituição de ensino, já que os panfletos utilizam a identidade visual do colégio. + Justiça autoriza apreensão de adolescente que matou amiga com bolo envenenado em SP
O material traz ainda a imagem de pessoas usando chapéus pontudos, semelhantes aos trajes do grupo extremista norte-americano KKK, acompanhado do lema “Deus, Pátria e Família” — uma referência ao movimento integralista, de inspiração fascista, surgido no Brasil na década de 1930, com ideologia ultranacionalista e autoritária.
O caso foi registrado pela Delegacia Eletrônica e encaminhado ao 4º Distrito Policial (Consolação), que apura a autoria e as circunstâncias do crime.
Em nota, o Mackenzie afirmou que “repudia veementemente o ataque ocorrido no entorno de suas dependências”. O colégio também reforçou seu compromisso com “a construção de um ambiente acadêmico acolhedor, plural e seguro para toda a sua comunidade”. A íntegra da nota do Mackenzie pode ser conferida ao final desta reportagem.
Os cartazes foram encontrados na sexta-feira (30), um mês após a denúncia de ataques racistas contra uma aluna da escola.
Caso anterior de racismo
No dia 29 de abril, uma aluna de 15 anos do Colégio Presbiteriano Mackenzie foi encontrada desacordada no chão de um banheiro da unidade escolar de Higienópolis. A adolescente ficou hospitalizada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por pouco mais de uma semana. Segundo a mãe da jovem, a estudante sofria bullying e ofensas racistas de colegas no colégio desde 2023.
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O que foi a Ku Klux Klan
A Ku Klux Klan surgiu no contexto da Guerra Civil dos Estados Unidos, com o objetivo de manter a supremacia branca por meio da intimidação e da violência contra a população negra.
O grupo defendia a segregação racial e atuava como uma milícia, promovendo ataques sob o pretexto de proteger os interesses dos brancos, especialmente no Sul do país.
Na prática, a extinta KKK atuava como uma gangue de vigilantes, defendendo as propriedades dos brancos, de acordo com o New York Times.
Confira a nota do Colégio Mackenzie na íntegra
"O Mackenzie repudia veementemente o ataque ocorrido no entorno de suas dependências, com a afixação de cartazes com símbolos e mensagens de ódio e intolerância. Tais manifestações são absolutamente incompatíveis com os princípios de respeito, diversidade e inclusão que norteiam a nossa missão educacional.
O Mackenzie reafirma seu compromisso inabalável com a construção de um ambiente acadêmico acolhedor, plural e seguro para toda a sua comunidade. Somos uma das instituições de ensino privadas que mais investe em programas de inclusão no Brasil, dedicando esforços significativos para promover a equidade e o respeito às diferenças em todos os níveis.
Para desenvolver o tema da inclusão e combater qualquer forma de discriminação, o Mackenzie possui diversos programas, tais como:
- Projeto Respeito – Um Caminho para o Bem Viver: ações de conscientização e combate ao bullying em todos os segmentos;
- Projeto SIM (Sentir, Investigar e Manejar): voltado ao desenvolvimento da inteligência socioemocional, especialmente na infância;
- Change Your Mind: voltado à valorização da vida, saúde mental e construção de vínculos saudáveis entre adolescentes;
- Projeto Vozes da Pele: oficina antirracista que estimula a reflexão sobre identidade, equidade e respeito;
- Fala Sério!: iniciativa que promove o uso consciente da linguagem como instrumento de empatia e convivência;
Por fim, o Mackenzie reitera seu compromisso com a formação de cidadãos conscientes, éticos e capazes de contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, repudiando qualquer ato de intolerância ou ódio."
