Pandemia de covid-19 reduziu expectativa de vida no Brasil em 2,8 anos
Impacto na vida dos brasileiros foi maior do que a média global, que reduziu em 1,6 ano
Dados do Global Burden of Disease (algo como Impacto Global das Doenças, numa tradução livre) mostram que a expectativa de vida dos brasileiros caiu mais do que a média mundial por causa da pandemia de covid-19. Os resultados foram publicados na revista especializada The Lancet.
De 2019 a 2021, a expectativa de vida no Brasil caiu 2,8 anos. Entre os 204 países pesquisados, houve uma redução média de 1,6 ano na expectativa de vida da população. Poucos países chegaram a ter um aumento da expectativa de vida no período.
O estudo estima que 131 milhões de pessoas morreram em 2020 e 2021. Destes, 15,9 milhões morreram devido à pandemia – seja pelo agravamento do quadro de covid, seja por efeitos indiretos, como a demora para procurar ajuda médica.
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De 1950 a 2021, a expectativa de vida global aumentou 22,7 anos. Isso significa que, ao nascer, em 1950, uma pessoa vivia, em média 49 anos. Em 2021, a expectativa era de 71,7 anos.
Mas, nos anos da pandemia, apenas 32 países registraram um aumento da expectativa de vida. Entre eles a China, primeiro país afetado pela pandemia, e a Austrália. Entre os países com maior impacto negativo da covid-19 estão Peru, Bolívia e Nicarágua, que tiveram uma redução de expectativa de vida de 6,5 anos (no caso dos dois primeiros) e 5,4 anos (caso do último).
Os avanços da ciência e dos cuidados de saúde levaram a uma queda de mortalidade de 62,8% entre 1950 e 2019. A tendência histórica de queda, porém, se reverteu com o surgimento do novo coronavírus. Com a pandemia, a taxa de mortalidade subiu 5,1% entre 2020 e 2021. A mortalidade infantil, que vinha caindo, continuou a baixar no período, mas a uma velocidade menor do que antes da pandemia.
O Global Burden of Disease é a maior base de dados para quantificar o impacto na saúde no mundo.