Pais de menina que morreu de câncer denunciam perfis falsos que pedem dinheiro para tratamento
Golpistas se aproveitam de vídeos, fotos e imagens de Maria Flor para enganar pessoas nas redes sociais; Polícia investiga o caso
Rafaela Coutinho
Emanuelle Menezes
Os pais de uma menina, que morreu de câncer há dois meses, denunciam criminosos que estão usando contas falsas nas redes sociais, com fotos da criança, para fazer vaquinhas e pedir dinheiro. A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso.
Stanley Douglas e Juliana Dantas, pais da pequena Maria Flor, que faleceu aos 7 anos, denunciam que golpistas estão usando os conteúdos reais da família para alimentar perfis falsos no Facebook e no Instagram, onde pedem ajuda financeira.
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O casal fazia vaquinhas virtuais e rifas para ajudar no tratamento da filha, além de atualizar amigos e pessoas que ajudavam por meio das redes sociais. Eles pararam com a arrecadação em setembro, quando a menina faleceu. Os criminosos se aproveitaram desse material, usando vídeos, fotos e imagens da família – retirados dos perfis dos pais – para dar credibilidade às vaquinhas falsas.
A mãe da menina afirma que foi alertada do perfil falso por amigos e que, ao tentar denunciar a conta, a dela acabou bloqueada pela Meta, dona do Facebook e do Instagram. Desde então, Juliana está tentando reaver a conta, até mesmo para avisar as pessoas sobre o perfil falso, sem sucesso. O perfil golpista, que usa o nome de Diego Daibert Rocha e diz ser pai de Maria Flor, segue ativo e ganhando seguidores.
Stanley e Juliana também registraram um boletim de ocorrência na última quarta-feira (6), assim que descobriram o golpe. O caso está sendo investigado pela 82ª Delegacia de Polícia, de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que informou que está apurando a autoria e as circunstâncias do caso para responsabilizar os envolvidos.
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Câncer raro
Maria Flor foi diagnosticada com glioma pontino intrínseco difuso (DIPG) por médicos particulares e por profissionais do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer. O câncer é considerado raro, costuma acometer crianças de 4 a 6 anos e é agressivo, com crescimento rápido e prognóstico reservado. A sobrevida mediana é de um ano.
A luta para manter a menina viva começou no segundo semestre de 2022. Ela passou por 30 sessões de radioterapia e foi medicada com corticoides. O tumor chegou a regredir 48% com o tratamento.
No entanto, em agosto de 2023 os sintomas reapareceram e a família voltou a se desesperar. Os pais da menina conheceram uma família de São Paulo que passava pela mesma situação e contou sobre um estudo experimental em Miami, nos Estados Unidos, para controlar o crescimento do câncer.
O casal conseguiu fundos para viajar e, em novembro de 2023, os dois foram com Maria Flor para os EUA. Tendo que viajar frequentemente, a família ficou conhecida e recebeu ajuda de pessoas que se solidarizaram, até celebridades. A menina começou a piorar novamente em maio deste ano e faleceu em setembro.