Pais de menina que morreu de câncer denunciam perfis falsos que pedem dinheiro para tratamento
Golpistas se aproveitam de vídeos, fotos e imagens de Maria Flor para enganar pessoas nas redes sociais; Polícia investiga o caso
Os pais de uma menina, que morreu de câncer há dois meses, denunciam criminosos que estão usando contas falsas nas redes sociais, com fotos da criança, para fazer vaquinhas e pedir dinheiro. A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o caso.
Stanley Douglas e Juliana Dantas, pais da pequena Maria Flor, que faleceu aos 7 anos, denunciam que golpistas estão usando os conteúdos reais da família para alimentar perfis falsos no Facebook e no Instagram, onde pedem ajuda financeira.
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O casal fazia vaquinhas virtuais e rifas para ajudar no tratamento da filha, além de atualizar amigos e pessoas que ajudavam por meio das redes sociais. Eles pararam com a arrecadação em setembro, quando a menina faleceu. Os criminosos se aproveitaram desse material, usando vídeos, fotos e imagens da família – retirados dos perfis dos pais – para dar credibilidade às vaquinhas falsas.
A mãe da menina afirma que foi alertada do perfil falso por amigos e que, ao tentar denunciar a conta, a dela acabou bloqueada pela Meta, dona do Facebook e do Instagram. Desde então, Juliana está tentando reaver a conta, até mesmo para avisar as pessoas sobre o perfil falso, sem sucesso. O perfil golpista, que usa o nome de Diego Daibert Rocha e diz ser pai de Maria Flor, segue ativo e ganhando seguidores.
Stanley e Juliana também registraram um boletim de ocorrência na última quarta-feira (6), assim que descobriram o golpe. O caso está sendo investigado pela 82ª Delegacia de Polícia, de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que informou que está apurando a autoria e as circunstâncias do caso para responsabilizar os envolvidos.
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Câncer raro
Maria Flor foi diagnosticada com glioma pontino intrínseco difuso (DIPG) por médicos particulares e por profissionais do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer. O câncer é considerado raro, costuma acometer crianças de 4 a 6 anos e é agressivo, com crescimento rápido e prognóstico reservado. A sobrevida mediana é de um ano.
A luta para manter a menina viva começou no segundo semestre de 2022. Ela passou por 30 sessões de radioterapia e foi medicada com corticoides. O tumor chegou a regredir 48% com o tratamento.
No entanto, em agosto de 2023 os sintomas reapareceram e a família voltou a se desesperar. Os pais da menina conheceram uma família de São Paulo que passava pela mesma situação e contou sobre um estudo experimental em Miami, nos Estados Unidos, para controlar o crescimento do câncer.
O casal conseguiu fundos para viajar e, em novembro de 2023, os dois foram com Maria Flor para os EUA. Tendo que viajar frequentemente, a família ficou conhecida e recebeu ajuda de pessoas que se solidarizaram, até celebridades. A menina começou a piorar novamente em maio deste ano e faleceu em setembro.