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Livro "O Avesso da Pele" será mantido em escolas do RS, diz Secretaria de Educação

Diretora de uma escola de Santa Cruz do Sul havia pedido retirada da obra de instituições, alegando que ela tinha palavras de "baixo calão"

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Livro O Avesso da Pele
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O livro "O Avesso da Pele", do autor Jeferson Tenório, será mantido em escolas de Santa Cruz do Sul (RS), determinou a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Na sexta-feira (1º), a diretora de uma escola da cidade havia questionado o uso da obra e pedido sua retirada das instituições, alegando que ele contém palavras de "baixo calão".

+ 70% das escolas públicas do Brasil não têm bibliotecas

Em um vídeo nas redes sociais, Janaina Venzon, diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira, afirmou ser "lamentável o Governo Federal através do MEC adquirir essa obra literária e enviar para as escolas com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio".

Com a repercussão da postagem, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) chegou a orientar a retirada do livro da biblioteca da escola até que o Ministério da Educação se manifestasse. Mas agora, a Secretaria de Educação do Estado determinou que eles sigam nas escolas.

"A 6ª Coordenadoria Regional de Educação vai seguir a orientação da secretaria e providenciar que as escolas da região usem adequadamente os livros literários", diz a Seduc em nota.

Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti de melhor romance em 2021, afirmou que foi censurado. "O mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras", disse ele.

O autor completou: "Não vamos aceitar qualquer tipo de censura ou movimentos autoritários que prejudiquem estudantes de ler e refletir sobre a sociedade em que vivemos".

A Companhia das Letras, editora do livro, defendeu o processo de escolha do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e afirmou que "a retirada de exemplares de um livro, baseada em uma interpretação distorcida e descontextualizada de trechos isolados, é um ato que viola os princípios fundamentais da educação e da democracia, empobrece o debate cultural e mina a capacidade dos estudantes de desenvolverem pensamento crítico e reflexivo".

Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD)

"O Avesso da Pele" faz parte do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do MEC, que compra e distribui obras didáticas e literárias para escolas públicas de todo o Brasil. A obra foi incluída no PNLD de 2021, durante a gestão Jair Bolsonaro (PL).

A escolha dos livros a serem adotados em sala de aula é feita pelos professores de cada escola a partir de um Guia Digital. Lá, as obras que integram o PNLD ficam listadas para conhecimento de educadores e gestores.

Os livros são distribuídos às escolas somente após a escolha dos próprios profissionais, realizada em um sistema informatizado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

"O Avesso da Pele", portanto, foi escolhido pela própria escola para fazer parte do catálogo. Documento divulgado pela Companhia das Letras mostra que foi Janaina Venzon, a diretora que aparece em vídeo criticando o livro, quem assinou os termos de aceite do livro.

"O Avesso da Pele" foi escolhido por diretora que o criticou em vídeo | Divulgação/Companhia das Letras
"O Avesso da Pele" foi escolhido por diretora que o criticou em vídeo | Divulgação/Companhia das Letras
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