Frio e calor em poucos dias: variação de temperatura causa aumento de doenças respiratórias
Oscilação climática em São Paulo e Rio de Janeiro preocupa especialistas e faz crescer casos de gripe e síndrome respiratória

Flavia Travassos
Marcel Tozzo
Será que o tempo vai esquentar de vez? A dúvida continua na hora de escolher qual roupa usar. “O jeito é ir com roupa de calor e levar roupa de frio”, diz a enfermagem Meire Souza.
Em São Paulo, na última sexta-feira (17), a temperatura média foi de 25,1°C, um dos dias mais quentes do ano. Já no domingo (19), a média despencou para 14,1°C. E nesta terça-feira (21), a capital paulista registrou 10,8°C, a temperatura mais baixa para o mês de outubro desde 2014.
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“A gente estava vindo com tempo muito seco e quente, e aí a frente fria chegou e derrubou as temperaturas. Um pouquinho antes da frente fria, as temperaturas sobem — é o fenômeno pré-frontal — e depois elas caem novamente”, explica o meteorologista do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), William Minhoto.
No Rio de Janeiro, a madrugada desta terça também foi de recorde: 11,3°C, a menor temperatura dos últimos 11 anos para o mês de outubro.
Crise respiratória
Mas, nessa “guerra” entre calor e frio, o resultado tem sido um aumento no número de pessoas doentes. A Regina Célia Souza Mendes, passadeira, foi ao pronto-socorro na capital paulista após sentir sintomas de uma doença respiratória. “Senti fraqueza, muita fraqueza, dor no corpo todo. Até água, garganta ruim”, conta.
Ela saiu do hospital com o diagnóstico confirmado: gripe. Segundo o último boletim divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), houve um crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por vírus Influenza A.
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Os estados de São Paulo e Goiás registram aumento dos casos, enquanto Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também apresentam crescimento nas notificações de Covid-19.
“Em relação às doenças não infecciosas do trato respiratório, o ar mais frio e mais seco acaba funcionando como uma agressão. Pessoas com maior sensibilidade, como crianças e adultos asmáticos, com rinite ou doenças alérgicas, costumam apresentar sintomas durante essas mudanças bruscas de temperatura e queda da umidade do ar”, afirma o médico infectologista Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior.
Em um hospital particular de São Paulo, o número de casos de influenza nos últimos 20 dias foi quase quatro vezes maior que o registrado em setembro. 140 crianças foram diagnosticadas com a doença. Crianças e idosos são os que mais sofrem com essa variação do clima.