Família de jovem arrastado por correnteza no RS fala com o SBT sobre a tragédia
João Alexandre Gonçalves foi levado pela água durante tentativa de resgate e se tornou um símbolo da catástrofe

Gabriela Lerina
O número de mortes provocadas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul subiu para 175. Um jovem arrastado pela correnteza quando estava prestes a ser resgatado, se tornou um símbolo da catástrofe. O companheiro dele, que foi resgatado, conversou com o SBT.
A imagem é impressionante. João Alexandre Gonçalves, de 29 anos, esperava o resgate no telhado de casa. Quando o socorrista tentou agarrar a mão dele, a correnteza do Rio Taquari arrastou tudo.
Fabiano Rodrigues Ribeiro, companheiro de João havia sido salvo, minutos antes. Ele conta como foi esse momento dramático: "eu não queria ter deixado ele sozinho, porque quando nós estávamos lá eu disse, se for acontecer alguma coisa, tu vai estar junto. E daí ele disse, não, vai tu primeiro, que eles vão voltar me buscar".
João alexandre e a cadelinha de estimação desapareceram no dia 2 de maio, em Cruzeiro do Sul. "Quando eu vi o vídeo, pela primeira vez, eu entrei completamente em desespero", diz a mãe, Marilene Prestes de Moraes.
A família nunca perdeu a esperança de encontrar João vivo. "A gente ficava no dia de chuva, ia nos abrigos, hospital toda hora pra querer saber onde que ele estava, com esperança de encontrar ele vivo", conta Fabiano.
"Eu estava na beira do rio, aí como mãe né, tu implora pra ele te devolver, eu implorei, realmente eu implorei por ele, eu falei me devolve pelo menos o corpo dele para eu levar embora", diz a mãe.
28 dias depois de desaparecer no meio da enchente, o corpo de João Alexandre foi encontrado às margens do Rio Taquari, a 11 quilômetros da casa onde morava. Na cidade, outras 12 pessoas morreram e seis seguem desaparecidas.
A mãe ainda não conseguiu aceitar a perda do filho: "vai ser como se ele tivesse feito uma viagem. Foi viajar, um dia ele volta. a gente encontra ele".