Excesso de papelão nas indústrias de reciclagem paralisam coleta do material
Produto tem sido descartado em lixões e aterros sanitários em todo o país, o que prejudica o meio-ambiente
Luciano Teixeira
O excesso de papelão disponível para reciclagem tem desestimulado o trabalho dos catadores. A principal causa é a queda no valor do material, que impacta mais de 1 milhão de pessoas envolvidas na reciclagem do país. Em 2023, o produto era vendido em média a R$0,60 por quilo. Neste ano, o valor caiu para menos de R$0,15.
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Como o preço da celulose também está baixo, os fabricantes de embalagens optam por usar a matéria-prima virgem, de acordo com Telines Basílio, presidente da Cooperativa de Produção e Trabalho de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps).
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“A celulose está muito barata, então o fabricante de embalagem opta por trabalhar com celulose”, contou.
Por causa desta baixa demanda, o papelão tem sido descartado em lixões e aterros sanitários, o que prejudica o meio-ambiente.
A Lei de Incentivo à Reciclagem, que está em vigor desde 2023, permite abater valores do imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas que apoiarem projetos de reciclagem. De acordo com a lei, as indústrias de papel são obrigadas a recolher o material usado após o consumo.
Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro De Proteção Ambiental (Proam), destacou a importância de pressionar as indústrias a adotarem a economia circular.
“O governo tem que fazer pressão para que as indústrias estabeleçam a economia circular, que é pegar o produto no final da linha e trazer de novo como insumo, para cadeia produtiva, e isso cessa o problema”, destacou.