"É importante falar, os sinais precisam ser vistos", diz Michelle Barros sobre abuso infantil
Apresentadora contou ao vivo que sofreu um abuso sexual quando ainda era criança. Ao SBT Brasil, ela revela os motivos pelos quais decidiu falar do tema
A apresentadora do Chega Mais, Michelle Barros, contou ao vivo, nesta terça-feira (04), que sofreu um abuso sexual quando ainda era criança. Durante o programa, a jornalista revelou que o filho era a única pessoa que sabia do assunto e desabafou sobre como entendeu o que havia passado apenas anos depois. "Deixa marca para a vida toda", lamentou.
Em entrevista ao SBT Brasil, Michelle revelou os motivos pelos quais decidiu falar do assunto pela primeira vez. “É um assunto difícil, que já trabalho comigo há anos. A equipe do Chega Mais me deixou muito em casa. A partir do momento que soube que abordaríamos esse assunto no programa, eu fiquei pensando na reunião: é um assunto tão importante, as pessoas passam por isso e muitas vezes muitas famílias não sabem como isso ocorre. Antes de ir ao ar, quando estávamos conversando sobre o tema, fiquei me perguntando sobre o porquê de não falar sobre isso”, confessa.
A apresentadora conta que não chegou a falar com a direção do programa antes de relatar a violência que sofreu. “Senti confiança para falar. Tanto que eu não conversei ninguém antes. Eu pensei: 'bom, se eu achar que preciso, eu falo'. Porque, na verdade, eu não tinha a intenção de aparecer nem nada, já que é um problema muito sério. Só quem passou por isso consegue mensurar o quão sério é”, desabafa.
“A partir do momento em que o Chega Mais, que é o lugar que estou trabalhando e a minha família hoje, está abordando esse assunto, se eu atravessasse esse debate sem me pronunciar e depois, mais para frente, falasse disso, eu iria me sentir mal, porque eu estou debatendo o assunto e por obrigação com os outros, eu achei que eu deveria falar”, complementa.
Michelle ainda refletiu sobre a importância de prestar atenção aos sinais que as crianças podem dar e ressaltou que o fato de não ter sido ouvida no passado a incentivou a alertar os telespectadores sobre o tema.
“Nós nos sentimos culpados, desacreditados. A criança dá sinais e é importante observá-los. É importante falar e mais ainda dizer para prestar o serviço mesmo, porque o sinal precisa ser visto. Eu lembro de como eu fiquei depois do que aconteceu e de quais foram os meus sinais: fiquei agressiva, arredia, com determinada pessoa. Esses sinais precisam ser observados pela família. Teve comportamento de encolhimento também, de ficar encolhida. A família tem que prestar atenção, tem que olhar. A criança não sabe o que está acontecendo se não tiver alguém que diga, que oriente, que vá atrás, que abrace. Ela não tem como se defender”, alerta ela, que conta que apesar da dificuldade de falar abertamente sobre o assunto, ficou feliz com o apoio que recebeu após o relato.
“Eu recebi muito apoio. Todo momento que alguém que passa por isso revive e conta essa história, as cenas aparecem na sua cabeça como se fosse um retrato, um vídeo antigo. E toda vez que eu falo, eu lembro de cenas, episódios. Não tem como não lembrar. Acho que todas as vítimas passam por isso, e talvez justamente por ser muito duro falar, muitas pessoas evitam. Não tem como não reviver”, desabafa.
Denúncias de abuso sexual infantil
Nos cinco primeiros meses de 2024, foram registradas 14.468 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no país, segundo o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Um levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que 64,4% das vítimas de estupros registrados no país são menores de 13 anos. Cerca de 10% destes casos são de crianças com menos de 4 anos. Apesar de alarmante, Luciana afirma que o aumento do número de denúncias é uma boa notícia quando o assunto é o combate à violência.
Familiares e conhecidos são responsáveis por 68% dos casos de violência sexual contra crianças de 0 a 9 anos no Brasil. Entre as vítimas de 10 a 19 anos, o crime é cometido por pessoas próximas em 58,4% dos casos, segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
