Dono de boate, candidato a vereador e chaveiro: quem era o autor do atentado em Brasília
Explosões na praça dos Três Poderes deixaram parentes e amigos de Francisco Wanderley em choque
O atentado em Brasília causou comoção em Rio do Sul, cidade em Santa Catarina onde o autor Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, nasceu. Os amigos nem sabiam que ele estava em Brasília já há alguns meses. O vizinho Altair de Souza achava até que ele tinha ido para o litoral - que quem vinha tocando a banca de chaves era o filho de 'Tiu França', como era conhecido o responsável por detonar explosivos na praça dos Três Poderes.
Francisco Wanderley é de uma família conhecida pela maioria dos moradores da cidade por ter comandado negócios no setor de eventos nos anos 1990. Foi dono de uma casa noturna, depois, passou a atuar como chaveiro. Era uma pessoa considerada calma e tranquila pelos conhecidos. Em 2020, concorreu ao cargo de vereador pelo PL e perdeu, teve apenas 98 votos.
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A ex-mulher sabia que ele estava na capital federal. Mesmo após a separação, eles mantiveram o convívio por causa dos amigos em comum. À polícia, Daiane Dias contou que o ex-marido só falava em política e isso a deixava 'louca'.
Em agosto, Francisco Wanderley publicou uma foto no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhada da frase: “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”, em uma crítica ao Supremo.
Na ocasião, o suspeito ainda visitou o gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), que também é de Rio do Sul e conhecia 'Tiu França' há 30 anos.
"Em agosto, ele esteve visitando e eu não estava em Brasília, a última vez que eu falei com ele foi o ano passado. Nessa conversa, eu senti ele meio abalado emocionalmente por causa da separação [da esposa]. Eu comentei até com meus colegas de gabinete, o França que eu conheci não é esse França", afirmou o deputado federal.
As mudanças no comportamento de Francisco Wanderley não passaram despercebidas pelos parentes mais próximos. Rogério Luiz, irmão dele, relatou que após as eleições de 2022, o irmão intensificou o discurso extremista e chegou a participar de bloqueios em rodovias catarinenses.
"A gente tentou resgatá-lo, pra sair dessa linha de só pensar em política, mas ele não conseguiu sair. Meu irmão se isolou, não só da família, como de tudo, dos interesses dele", afirmou Rogério.
Francisco Wanderley também acumulava um histórico de processos judiciais, incluindo uma condenação por violência doméstica há mais de uma década e ações por descumprimento de medidas sanitárias durante a pandemia. Ele ainda foi processado pelo município de Rio do Sul por dívidas tributárias.