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Divórcios após os 50 anos crescem no Brasil e revelam novas formas de recomeço

Cada vez mais mulheres acima dos 50 buscam separação e mostram que independência financeira pesa na decisão

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Em 2023, o Brasil registrou 360.787 divórcios. Em cerca de 77.725 deles, as mulheres tinham mais de 50 anos - o equivalente a 21,54% do total. Dez anos antes, essa proporção era de 17,16%. Ou seja, em uma década, quase dobrou o número de mulheres acima dos 50 que assinaram a separação.

Catia Niel Curto Ruiz, perita criminal aposentada, é uma dessas mulheres. Aos 63 anos, ela viveu o divórcio após quase duas décadas de casamento.

"A gente tinha um motivo grande para discutir, que eram as opiniões diferentes sobre a nossa casa. Mas aí a coisa vai ficando pesada e difícil, e tudo passa a ser motivo de briga: porque comprou o molho de tomate errado ou porque abriu a garrafa de vinho de forma errada. A pessoa vai se tornando um fardo, a vida vai se tornando difícil", conta Cátia Niel Curto Ruiz, hoje com 64 anos.
Catia passou por um divórcio ao 63 anos, e hoje substitui o "felizes para sempre" pela convivência com os filhos e os netos | Foto: Acervo pessoal
Catia passou por um divórcio ao 63 anos, e hoje substitui o "felizes para sempre" pela convivência com os filhos e os netos | Foto: Acervo pessoal

O caso dela é exemplo desse movimento cada vez mais evidente no Brasil, chamado "gray divorce" - termo em inglês usado para designar separações entre pessoas com mais de 50 anos, numa referência aos cabelos grisalhos. O fim de uma história de amor não é motivo de celebração, mas quando a harmonia já não faz parte do cotidiano, a idade não impede a busca pela liberdade.

Para o advogado Fábio Botelho, com mais de 30 anos de atuação no direito de família, os divórcios na maturidade tendem a ser menos conflituosos. Mas o patrimônio ainda pode gerar disputas.

"A partilha de bens vai ser regida pelo regime que o casal escolheu no início do casamento ou da união estável. Muitas vezes, casais que estão juntos há 25 anos nem lembram sob qual regime casaram, chegam ao escritório sem a certidão e precisam buscar o documento", explica.

Na separação total, os bens são individuais. Na comunhão parcial, apenas o que foi adquirido depois do casamento é dividido. Já na comunhão total, tudo pertence ao casal, e na partilha, vai metade para cada um.

Sobre pensão, o advogado destaca que hoje ela é prevista apenas para filhos menores que moram com um dos pais.

"Por regra, não há pensão entre cônjuges. A emancipação da mulher e sua inserção no mercado de trabalho reduziram a vulnerabilidade, e a tendência é que a Justiça não reconheça esse direito", afirma.

A independência financeira foi determinante também para Cátia. "É um elemento importantíssimo. Sempre procurei minha independência, não apenas pelo dinheiro para dividir as contas no fim do mês, mas pela autoestima, pelos valores, pelas pessoas que você conhece, pelo conhecimento que você adquire", diz.

E o "felizes para sempre"? Para Cátia, ele existe de outra forma: praticando esportes, convivendo com a família e celebrando a chegada de um novo integrante, o neto Guilherme.

Cátia com o netinho Guilherme | Foto: Acervo pessoal
Cátia com o netinho Guilherme | Foto: Acervo pessoal

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