Danilo, lateral da Seleção, reflete sobre machismo, mas não cita Robinho e Daniel Alves
Escolhido para ser o capitão do Brasil no amistoso contra a Inglaterra, ele foi o primeiro entre os convocados a falar sobre o assunto
Emanuelle Menezes
Sérgio Utsch
O lateral direito Danilo, da Seleção Brasileira, falou sobre o posicionamento do mundo do futebol no combate ao machismo. Escolhido para ser o capitão da amarelinha no amistoso contra a Inglaterra, neste sábado (23), ele abordou o assunto em uma coletiva de imprensa nesta sexta (22).
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Sem citar os casos de Robinho e Daniel Alves, ou até mesmo os termos "estupro" e "violência", Danilo respondeu ao questionamento de um jornalista. Ele começou afirmando que é complicado falar sobre o assunto, já que existem "julgamentos de todas as partes", mas refletiu:
"Nós temos mães, irmãs, filhas, esposas, namoradas e essas mulheres passam por provações ou por pensamentos que nós, enquanto homens, não passamos. Como pensar com que roupa vai sair, por um julgamento ou por abrir um suposto precedente para qualquer coisa. Nós, enquanto homens, não temos esse tipo de receio", disse.
O jogador da Juventus também falou que é preciso uma conscientização dentro da Seleção e nas categorias de base, já que os jogadores são vistos como exemplos. "Está na hora de entender melhor que nosso papel é jogar futebol, representar os clubes e a seleção brasileira, mas também servir de exemplo de comportamento e de forma de lidar fora de campo para a juventude", afirmou.
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"É importante, falando mais uma vez para o Rodrigo (Paiva, diretor de comunicação) que está aqui representando a direção da CBF, poder iniciar essa conscientização, trazer conversas e debates, principalmente para a juventude, que é onde a gente consegue ir formando de modo mais genuíno esse pensamento reflexivo, se colocando no lugar das mulheres de forma empática, para que elas possam ter mais liberdade para ocupar os lugares que merecem ocupar", completou ele.
Danilo foi o primeiro jogador entre os convocados para o jogo na Inglaterra a falar sobre o assunto. Antes dele, a única a falar foi Leila Pereira, presidente do Palmeiras e chefe de delegação da Seleção nesta data Fifa.
Ela foi questionada sobre o silêncio da delegação brasileira quanto aos crimes cometidos por ex-jogadores que já vestiram a amarelinha.
"Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da delegação, tenho que me posicionar sobre os casos do Robinho e Daniel Alves. Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres, especialmente o caso do Daniel Alves, que pagou pela liberdade. Acho importante eu me posicionar. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte" disse Leila ao portal Uol.