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Cracolândia: Consumo de drogas avança e toma ruas de São Paulo

Dependentes químicos vivem em condição precária e se espalham por bairros da capital paulista

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A Cracolândia, que por décadas se concentrava na região central de São Paulo, se espalhou e agora se faz presente em vários pontos da cidade.

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Nos bairros da Zona Sul, Zona Leste e região de Santa Cecília, cenas de consumo de drogas a céu aberto se tornaram comuns, transformando calçadas, praças e até margens de córregos em locais de moradia improvisada para dependentes.

Cenas de sobrevivência e desamparo

Em um cenário de degradação, os usuários se organizam em grupos que compartilham drogas e tentam sobreviver. A reportagem do SBT flagrou essas “mini Cracolândias” em locais como Ipiranga, Campo Belo e Vila Matilde.

Em uma das cenas, uma mulher segura um pacote de fraldas, não para um filho, mas como moeda de troca pelo crack. Pessoas atravessam as ruas para evitar as áreas onde esses grupos se reúnem.

Dispersão pelo Centro e expansão para outras regiões

Em 2022, uma operação de repressão ao tráfico dispersou os dependentes do centro de São Paulo, o que acabou gerando uma expansão desse cenário pela cidade.

O promotor Arthur Pinto Filho, do Ministério Público de São Paulo, explica que a dispersão dificultou ainda mais o contato desses indivíduos com a assistência social e o atendimento de saúde, agravando a situação dos dependentes.

Conflito com a população e crescente insegurança

A presença dos usuários causa preocupação entre moradores dos bairros afetados, muitos deles áreas de alto padrão.

Segundo o psicólogo Gregório Pontes, a chegada dos dependentes químicos intensificou os relatos de assaltos e de insegurança. “É um contraste completo”, afirma, destacando o impacto dessa convivência forçada.

Realidade sub-humana e o impacto da dependência

Médicos apontam os danos neurológicos e físicos provocados pelo uso crônico do crack, como déficits de memória e sobrecarga no sistema cardiovascular. Nas palavras da psicóloga Camila Fidalgo, a situação dos moradores de rua é “a miséria, a droga se tornou a única forma de alimento”.

Apesar da realidade sombria, a esperança ainda sobrevive entre aqueles que vivem nas ruas. Em meio às dificuldades, Aline, uma dependente de 48 anos, compartilhou um desejo simples, mas poderoso: “Minha maior vontade? Trabalhar e sair da rua, tirar meus documentos para isso”.

Prefeitura diz que “não há registro de outros pontos de uso de drogas na cidade”

Em nota, a Prefeitura afirmou que “não há registro de outros pontos de uso de drogas na cidade”, além da região da Santa Ifigênia, no centro. O local é monitorado diariamente pelo programa Dronepol, da Secretaria Municipal de Segurança Urbana.

A Prefeitura ainda acrescentou que observou queda de 36% no número de usuários naquele local, durante a noite, de acordo com operações policiais realizadas entre janeiro e outubro.

A nota ainda diz que a prefeitura tem 1,6 mil agentes de assistência social e saúde que oferecem acolhimento e tratamentos em locais ocupados “momentaneamente” pelas pessoas em situação de rua. O município completou dizendo que tem “a maior rede socioassistencial da América Latina”, que desenvolve várias ações focadas no acolhimento, reinserção social, cuidados com a saúde, capacitação profissional e garantia de direitos.

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