Construção de estrada em Belém é questionada por impactos ambientais
Avenida Liberdade faz parte de projetos da cidade para sediar a COP30. Especialistas projetam riscos à fauna e à flora locais
Em preparação para sediar a COP 30, conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, em novembro de 2025, o governo do Pará anunciou a construção da "Avenida Liberdade", visando melhorar o fluxo de veículos, conectando Belém à Alça Viária em Marituba, na Região Metropolitana.
No entanto, a obra atravessa a Área de Proteção Ambiental Estadual de Belém, isolando o Parque do Utinga, uma importante unidade de conservação urbana com rica biodiversidade.
Impactos ambientais
Especialistas alertam que o Parque do Utinga e a Área de Proteção Ambiental de Belém são os últimos fragmentos de vegetação original, vitais para a restauração da paisagem e a conservação de ecossistemas ameaçados.
Para Leandro Valle Ferreira, pesquisador do Museu Emílio Goeldi, em Belém, e coordenador do Projeto Flora Utinga, a construção causará "aumento de temperatura da área e desmatamento".
"Nós chamamos esse processo de 'efeito de borda': quando uma área é isolada, ela começa a se fragmentar, o que aumenta a temperatura do solo e do ar. Isso impacta diretamente a fauna e a flora da região", afirmou.
A construção também afetará diretamente a Comunidade Quilombola do Abacatal, em Marituba. Turi Omonibi, líder religioso do quilombo, disse que Belém precisa da construção, mas não houve medida de seus impactos ambientais ou espaço para o questionamento da comunidade.
Apesar dessas preocupações, o projeto já recebeu licença ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Estado e a expectativa é que as obras comecem ainda no primeiro semestre deste ano. Com a passagem de carros e a ciclovia, a estimativa é que a Avenida da Liberdade beneficie cerca de 2,2 milhões de pessoas diariamente quando for inaugurada.