Brasil tem 86 novas etnias e mais 21 línguas indígenas, diz IBGE
Segundo Censo 2022, país passou de 274 para 295 línguas e de 305 para 391 povos; São Paulo é o estado mais diverso

Gabriela Vieira
Os números de povos e línguas indígenas no Brasil cresceram na última década, segundo dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (24).
O levantamento indica que o Brasil tem 391 etnias, 86 mais que as 305 registradas em 2010. Em 2022, havia 295 línguas indígenas faladas por pessoas indígenas. Mas, uma década antes, eram 274.
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Os resultados, segundo Marta Antunes, gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos do IBGE, apresentam as formas de organização social dos povos indígenas, os movimentos migratórios, processo de urbanização, autoafirmação e reemergência étnica.
“São pessoas que se declaravam indígenas, mas não acionavam o pertencimento a uma etnia povo ou grupo indígena específico, mas que ao longo dos anos vêm valorizando esse pertencimento fruto de diferentes processos socio organizativos. Nos últimos anos, fruto também do próprio Censo, isso passa a ser valorizado”, explica Marta.
Em relação aos locais com maior número de etnias, São Paulo lidera com 271, seguida por Amazonas (259) e Bahia, com 233. O IBGE indicou que houve um aumento da diversidade ética em todos os estados, com exceção do Amapá. Hoje há por lá 52 grupos, contra anteriores 55.
Quantidade de etnias por estado:
- São Paulo: 271
- Amazonas: 259
- Bahia: 233
- Pará: 222
- Goiás: 211
- Minas Gerais: 208
- Rio de Janeiro: 207
- Mato Grosso: 195
- Rondônia: 180
- Distrito Federal: 167
- Paraná: 161
- Pernambuco: 148
- Santa Catarina: 147
- Mato Grosso do Sul: 139
- Rio Grande do Sul: 127
- Maranhão: 122
- Roraima: 117
- Tocantins: 109
- Espírito Santo: 107
- Paraíba: 95
- Ceará: 93
- Rio Grande do Norte: 88
- Alagoas: 86
- Sergipe: 85
- Piauí: 81
- Acre: 80
- Amapá: 52
Os dados do Censo também mostram que as maiores concentrações étnicas se encontram nas capitais. São Paulo registrou 194 delas; Manaus, 186; e Rio de Janeiro, 176; por exemplo.
Já Brasília (167) e Salvador (142), aparecem em seguida ainda no top 5. Fora das capitais brasileiras, a diversidade está em Campinas (SP), com 96 etnias; Santarém (PA), com 87; e Iranduba (AM), com 77.
"Você repara que as maiores concentrações estão em capitais, cidades de centralidade significativa em relação à atração de população indígena, tanto para o acesso a serviços, quanto para provimento de necessidades e trabalho", disse Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
De acordo com os dados, o número de indígenas residentes no Brasil chegou a 1.693.535. Em 2010, o IBGE contou 896.917 mil indígenas.
Etnias mais populosas:
- Tikúna: 74.061
- Kokama: 64.327
- Makuxí: 53.446
- Guarani Kaiowá: 50.034
- Kaingang: 45.840
- Terena: 44.667
- Pataxó: 39.276
- Guajajara: 38.244
- Potiguara: 37.292
- Múra: 36.347
Já entre as 29 etnias com mais de 10 mil pessoas, o maior percentual de pessoas residindo em Terra Indígena é da etnia Yanomami/Yanomán (94,34%), seguida da Guajajara (80,28%) e da Xavante (79,5%). A etnia com menor percentual vivendo em Terra Indígena é a Tupinambá, com apenas 1,21%.









