Acidentes de trabalho aumentaram mais de 25% em seis anos no Brasil
Só no ano passado, mais de 27 mil benefícios por incapacidade temporária e permanente foram concedidos no país
Flavia Travassos
Dados da Previdência Social revelam que os acidentes de trabalho aumentaram mais de 25% em seis anos no Brasil.
Há quase cinco anos, Edson da Silva convive com um dedo amputado e a lembrança do dia do acidente. "Me pediram para fazer a limpeza da máquina, que estava com resíduo, e meu dedo foi esmagado”, diz o auxiliar de descarga logística ao SBT.
Ele conta que ficou um ano e meio sem trabalhar, e durante nove meses, recebeu o auxílio do governo por acidente de trabalho.
Só no ano passado, mais de 27 mil benefícios por incapacidade temporária e permanente foram concedidos no país. Esse número se refere apenas aos acidentes envolvendo mãos e punhos. O número é 8,4% maior do que o registrado em 2022. Levando em conta lesões em todo o corpo, o número de benefícios concedidos chega a quase 170 mil.
Os acidentes envolvendo mãos e punhos são os que mais levaram à concessão de benefícios nos últimos dois anos. Na maioria dos casos, o paciente não precisa de cirurgia, mas quase sempre precisa se reabilitar com sessões de terapia ocupacional antes de voltar ao trabalho.
“A reabilitação normalmente é muito longa e demorada, que gera um afastamento grande”, explica o cirurgião Gustavo Figueiredo. “Na grande maioria das vezes, esses pacientes são jovens, estão na fase ativa de trabalho, e acabam perdendo uma grande parte do seu sustento por conta dessas lesões”, complementa.
Fratura, amputação, lesão por esmagamento, ferimentos e trauma de nervos são as principais consequências.
No Hospital Escola da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, onde o médico trabalha, 30% dos pacientes do setor de ortopedia são vítimas de acidentes de trabalho.
"Muitas vezes, o paciente acaba não conseguindo realmente fazer uma atividade com o braço e acaba ficando, ou aposentando pelo INSS e não volta a nenhuma atividade”, complementa o médico.
Edson voltou a trabalhar. Hoje, é auxiliar de logística em um supermercado. Mas aprendeu lições com o que aconteceu. "Eu me deixei levar pela opinião de um líder, sabendo que a máquina estava com defeito. Se você ver que causa risco, não faça, porque eu passei por esse motivo e sei a sequela que tenho”, confessa.