Tarcísio diz que "desestatizações não vão parar": "Não adianta fazer greve com este mote"
Paralisação impacta linhas do Metrô e da CPTM; governador confirmou que privatização da Sabesp irá ocorrer em 2024
Felipe Moraes
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a criticar, em coletiva de imprensa nesta 3ª feira (28.nov), a greve unificada do Metrô de SP, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) e de professores estaduais. Ele disse que propostas e estudos de privatização não vão ser interrompidos por causa de protestos.
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"As desestatizações, os estudos para concessões, não vão parar. Não adianta fazer greve com este mote. Vamos continuar estudando e tocando, dissemos que faríamos isso [durante a campanha]. [A privatização da] Sabesp vai acontecer no ano que vem. Podem ter certeza disso. E vai ser um grande sucesso", afirmou Freitas.
"Se não fizermos isso, a Sabesp vai perder mercado ao longo do tempo. Temos explicado isso em todas as audiências públicas e fóruns de debate. Nada vai ser feito sem muito debate", continuou o governador. "Tem uma turma que não quer o debate, quer impor o debate. Querem desgastar o governo. No que tentam atingir o governo, atingem em cheio o cidadão", continuou.
Freitas disse que a operação da Sabesp "está normal" e que a CPTM "segue com operação quase normal". A linha 10 não está funcionando e a 7 opera com restrições. "O grande problema é o Metrô, onde a gente teve maior adesão à greve. Aquilo que a Justiça determinou é solenemente ignorado mais uma vez. Pra tudo tem regra, até pra greve. Se não a decisão do judiciário não vale, como é que a gente fica?", criticou.
Em liminar, a Justiça do Trabalho determinou que o Metrô e a CPTM deverão operar com 80% do efetivo em horários de pico (6h às 9h e 16h às 19h) e de 60% nos demais horários. Caso descumpram a determinação, cada sindicato poderá receber multa de até R$ 700 mil. No caso da Sabesp, o percentual de trabalhadores que devem atuar é de 80%.
Convocação de funcionários
O governador também afirmou que funcionários das categorias que anunciaram greve foram convocados nominalmente para trabalhar nesta 3ª.
"A gente enumerou as pessoas que deveriam prestar o serviço. E isso não foi suficiente. Isso vai ser apurado, com vistas à aplicação de penalidades e sanções. A gente vai ver quais sanções vamos aplicar. Não se pode mais tolerar o desrespeito, a indisciplina. A emprega paga salários e benefícios em dia", explicou.
Um dos principais impactos da greve na educação foi o adiamento do Provão Paulista, que começaria hoje. Freitas disse que mais de um milhão de estudantes dos três anos do Ensino Médio foram prejudicados.
O governador de SP ainda avaliou que a adesão à greve desta 3ª feira foi menor do que à paralisação no início de outubro.
"CPTM deliberou greve com 25 votantes, uma empresa com 6,7 mil funcionários. E está funcionando praticamente normal. Na Sabesp, foram 140 votantes falando por 12 mil funcionários. Só um sindicato se manifestou pela greve. Também não funcionou. No Metrõ, foram 1.254 votantes. Diferença de 119 para quem não queria greve. A gente tem que se perguntar até ponto é razoável isso", analisou.
Freitas ainda disse que "não há conciliação possível". "Vamos continuar seguindo o programa de governo. Vamos continuar estudando. Ano que vem, vamos fazer a privatização da Sabesp. O estado de SP vai continuar sendo um dos principais acionistas e garantir os aportes financeiros que vão segurar a tarifa quando a base de ativos crescer", falou.
"Lamento dizer, mas nós não vamos deixar de trabalhar, deixar de cumprir o que nos programamos a fazer. Não tem acordo. O governo vai continuar fazendo desestatizações. Não concordar é legítimo. Tem um interesse muito particular, corporativo dessa turma. Agora, esta não é a via adequada para manifestar discordância. Não é privando o direito de ir e vir", continuou o governador.
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