Publicidade
Brasil

CPI do DF terá relatório mais técnico e abrangente contra golpistas

Na reta final, comissão de inquérito da Câmara Legislativa do DF ouve PM como última testemunha, na 5ª feira

Imagem da noticia CPI do DF terá relatório mais técnico e abrangente contra golpistas
cpi
• Atualizado em
Publicidade

O depoimento do coronel Reginaldo Leitão, diretor do Centro de Inteligência da Polícia Militar do Distrito Federal, na 5ª feira (16.nov), na CPI dos Atos Antidemocráticos, marca o fim das fases de interrogatórios e de início de acordo para a redação e a votação do relatório conclusivo das investigações.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do DF, deputado Chico Vigilante (PT), marcou para os dias 30 de novembro e 4 de dezembro as duas últimas sessões. O relatório final será lido, votado e aprovado, com as conclusões, apontamentos de crimes e os pedidos de indiciamento, que serão levados às polícias, ao Ministério Público, à Justiça e aos órgãos de controle de Estado.

Segundo deputados, o relatório final da CPI do DF deve ser mais conciso em volume de páginas e também mais abrangente em relação ao total de pessoas indiciadas, em relação ao documento final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro do Congresso - encerrada no dia 18 de outubro, com 1.333 páginas.

"Faremos um documento final técnico e com base nas apurações. O relatório da CPI dos Atos Antidemocráticos não será uma cópia das denúncias da Procuradoria Geral da República", afirmou o deputado Chico Vigilante (PT), presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF.

O relator da comissão, deputado Hermeto (MDB), garantiu que novos nomes estarão entre os indiciados e que a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não ficará de fora. "O ex-presidente poderia ter evitado o 8 de janeiro e não o fez. Poderia ter reconhecido o resultado das urnas e também desmobilizado os acampamentos", afirmou o relator.

Relatório final

O relatório final da CPI da Câmara do DF deve ter mais nomes com pedidos de indiciamento, em relação aos 66 que integram o documento conclusivo da CPMI do Congresso. Chico Vigilante fala em mais de 100 nomes na lista. Mas o relator não bateu o martelo sobre esse número, que pode ser menor. 

cpmi
A CPMI do 8 de Janeiro do Congresso pediu indiciamento de Bolsonaro | Agência Senado

Bolsonaro e aliados, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que era secretário de Segurança do DF no dia 8 de janeiro, devem estar na lista, assim como nomes que ficaram de fora do relatório final da CPMI. 

Um deles, deve ser o do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o general Marco Edson Gonçalves Dias. Além de policiais militares do DF, que acabaram de fora do foco da CPMI no Congresso, controlada e acompanhada com lupa pelo governo Lula.

CPIs

Aberta em março, a CPI da Câmara do DF fez 33 sessões e produziu documentos, provas, com foco nos atos antidemocráticos que resultaram no 8 de janeiro, com as invasões e depredações nas sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, em Brasília.

O SBT News consultou os pedidos de documentos, material respondido e ouviu membros da CPI. São 212 requerimentos de quebras de sigilos bancários, fiscais e telemáticos (de email, mensagens de celular), acesso a relatórios de inteligências, inquéritos, processos, documentos oficiais, oitivas de testemunhas, diligências, entre outros.

Veja alguns números da CPI dos Atos Antidemocráticos do DF:

  • 52 informações prestadas
  • 212 requerimentos
  • 33 depoimentos prestados
  • 16 depoimentos não realizados

Entre os pedidos respondidos estão os do Gabinete de Segurança Institucional, sobre o planejamento de segurança para o Planalto, o chamado Plano Escudo, a classificação de risco do movimento bolsonarista dos dias anteriores ao 8 de janeiro, informações de inteligência recebidas da Abin (relatórios e alertas), efetivo destacado para proteção do prédio, eventual reforço e outras informações.

A CPI do DF também reuniu provas das apurações e documentos de inteligência do governo do DF. À Secretaria de Segurança Pública, por exemplo, foram obtidos informações sobre os grupos de WhatsApp em que autoridades trocaram informações como o grupo "Perímetro de Segurança", arquivos da reunião preparatória do plano operacional, entre outros.

Conspiração

Uma das conclusões da CPI dos Atos Antidemocráticos é de que o "apagão" na segurança no DF no dia 8 de janeiro não teve como únicos responsáveis a PM local. As responsabilidades do governo federal, nos governos Bolsonaro e Lula devem ser destacados.

Chico Vigilante pediu ainda em abril, por exemplo, as agendas, a lista de visitas e imagens do Planalto no GSI para averiguar quem passou pelo gabinete durante a gestão do general Heleno, de Bolsonaro. Há também documentos pedidos para averiguar os mesmos dados na gestão de G. Dias, de Lula, um dos interrogados pela comissão.

gdias
General G. Dias (à esq), ex-GSI de Lula, foi ouvido na CPI do DF | Rinaldo Morelli/Agência CLDF

Aprovado unanimidade, o requerimento nº 131 pediu "relação dos compromissos em agenda do General Augusto Heleno Ribeiro Pereira, entre os dias 1º de novembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023, bem como de todos os visitantes do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República". Foi pedido ainda as respectivas imagens de circuitos internos e externos de vídeo monitoramento da entrada do GSI.

"Finalidade de investigar possível conspiração para permitir os atos antidemocráticos observados em Brasília no dia 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023." 

+ Gonçalves Dias afirma que defendeu Palácio de "levante anti-democrático"

Pediu também o mesmo conteúdo, agenda de compromissos, visitas e dados, do ex-chefe do Comando Militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra Menezes. E as agendas de visitas para a Secretaria de Segurança Pública do DF de Anderson Torres, de 1º a 8 de janeiro, como chefe da área. Pediu dados sobre ele também ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Nesta semana, o presidente e o relator da CPI dos Atos Antidemocrátios e membros devem fechar um acordo sobre nomes, apontamentos finais e encaminhamentos para o relatório final, que é redigido pelo deputado Hermeto. Uma primeira reunião chegou a ser agendada, mas foi adiada, por falta de consenso.

Leia também:

+ Major da PM nega comando de acampamento golpista e pede misericórdia a Lula

+ Ex-GSI que serviu água a golpistas é ouvido na CPI da CLDF

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade