Major da PM nega comando de acampamento golpista e pede misericórdia a Lula
Veja depoimento do policial aposentado Cláudio Santos, preso desde março, ouvido nesta 5ª feira na CPI dos Atos Antidemocráticos
Ricardo Brandt
O major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) Cláudio Mendes dos Santos, acusado de ser uma das lideranças do acampamento em frente ao Exército, em Brasília, pediu "misericórdia" ao presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em depoimento nesta 5ª feira (09.nov), na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do DF.
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"Peço ao presidente Lula, que inclusive votei nele, que ele tenha misericórdia, que haja um indulto para aquelas pessoas, eu sei que ele não é uma pessoa má."
Preso desde março, o major Cláudio Santos negou ainda ter ensinado "táticas de guerrilha" para os acampados na frente do quartel-general do Exército e afirmou que um pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderia ter dado fim ao movimento.
"Se o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, tivesse ido uma vez ao acampamento e dito "pessoal, vão embora", todo mundo tinha ido", afirmou o major Cláudio Santos, aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara do DF.
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O relator da CPI dos Atos Antidemocráticos, deputado Hermeto (MDB), resssaltou que o depoimento do PM confirma a tese apurada, de que o não reconhecimento do resultado das urnas, nas eleições de 2022, e a passividade de Bolsonaro são pilares dos atos que culminaram nas invasões e depredaçõ0es dos prédios-sedes dos Três Poderes, em Brasília, no 8 de janeiro.
"O presidente Bolsonaro tinha que ter assumido a derrota, tinha que ter passado a faixa para o presidente Lula, é isso que acontece num país democrático. Ele, indiretamente, influenciou todos eles", declarou o relator, após o fim do interrogatório do PM.
ASSISTA O DEPOIMENTO DO MAJOR DA RESERVA DA PM-DF CLÁUDIO SANTOS, À CPI:
Oramos
No depoimento, Cláudio Santos afirmou que na unidade do presídio da Papuda, em Brasília, onde está preso com outros policiais, eles "oram" todos os dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo presidente Lula, e também pelo ex-presidente Bolsonaro.
"Eu creio que sou conservador, mas para o bem. Todos os dias a gente ora naquele presídio pelo Alexandre de Moraes e pelo Lula. Nós não queremos o mal dessas pessoas. Queremos que eles tenham sucesso." O major acrescentou: "Nós oramos não só pelo presidente Lula, mas também para Bolsonaro e Moraes. Nós não temos ódio."
O major da reserva da PM do DF foi preso em março, na 9ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, contra os envolvidos no 8 de janeiro. O depoimento estava inicialmente marcado para o dia 18 de outubro, mas foi cancelado. Cláudio Santos passou mal no dia.
Negou
Aos parlamentares, o major negou as acusações de que ele era uma liderança do acampamento nol QG do Exército e que tenha ensinado técnicas de guerrilha aos acampados. "Nenhum policial militar aprende tática de guerrilha."
O militar também afirmou que o Exército tinha o controle sobre o acampamento, negando a possibilidade de que atos violentos tenham sido originados no local, como a bomba deixada em nos arredores do aeroporto de Brasília, no dia 24 de dezembro.
"Não sou criminoso. Não cometi crime." O PM disse estar preso "injustamente", assim como outros alvos do STF. "Peço ao presidente Lula que ele haja com misericórdia."
O major está preso preventivamente, em unidade destinada a policiais, no complexo da Papuda, em Brasília, por ordem do STF. Ele foi escoltado até a Câmara do DF pela polícia.
Na próxima 5ª feira (16.nov), o último interrogado da CPI dos Atos Antidemocráticos é o coronel Reginaldo Leitão, diretor do Centro de Inteligência da PMDF. O presidente da comissão, deputado Chico Vigilante (PT), e relator, Hermeto (MDB), marcaram para o fim do mês a conclusão dos trabalhos.
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