Jean Wyllys acusa ministro de Lula de "sabotagem" e o chama de "mau-caráter"
Ex-deputado teria sido convidado pelo presidente para trabalhar na Secom da Presidência
O ex-deputado federal Jean Wyllys chamou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, de "mau-caráter" e disse que ele fez "um processo de sabotagem" em relação à ida dele (Wyllys) para um cargo no governo Lula (PT).
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As declarações foram dadas durante participação no podcast Bee40tona, no YouTube, na última semana. Segundo o ex-deputado, que voltou ao Brasil neste ano, o próprio Lula lhe convidou para trabalhar na Secretaria de Comunicação Social, numa conversa no Palácio do Planalto.
"Lula me colocou com o Paulo Pimenta, que é o ministro da Secom, e falou para ele, de maneira muito categórica: 'Olha só, nós não estamos bem com a comunicação digital. Enfrentamento a desinformação é um problema. Então Jean Wyllys está dedicado a essa questão, ou seja, viveu essa experiência, eu quero que ele vá para a Secom'".
O ex-deputado continuou o relato: "E aí ele ainda usou essa expressão: 'Isso é uma ordem, isso não é um pedido', desse jeito. Bom, Paulo Pimenta já estava preocupado com a ideia de que eu, voltando para o Brasil, iria para Secom, embora eu tenha dito para ele e para Lula, com todas as letras, eu falei 'presidente, eu não quero estar na linha de frente'".
De acordo Wyllys, disse ao presidente que, em vez disso, queria contribuir "com um trabalho" que havia pensado em termos de enfrentamento à desinformação. O ex-deputado acha, entretanto, que "Paulo Pimenta não acreditou nisso", de que ele queria ficar na retaguarda. "Pelo meu tamanho, que às vezes eu mesmo duvido ter, ele se sentiu ameaçado. Então ele fez um processo de sabotagem em relação à minha ida para o governo".
Conforme Wyllys, para isso, o ministro utilizou a publicação sobre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), na qual o ex-congressista chamou o tucano de "gay com homofobia internalizada".
"Paulo Pimenta é o secretário da comunicação e, portanto, é o cara responsável pela distribuição da verba de publicidade de governo na imprensa, nos veículos de comunicação. Então ele nem precisa pedir. O simples fato de as pessoas saberem que ele é o responsável por essa distribuição já leva pessoas a aderirem, digamos assim, às causas dele sem que ele peça. Então todos os colunistas me defenestraram durante uma semana, e era evidente que havia ali uma orientação da Secom para isso", argumentou. "Porque era [para] parecer que eu era tóxico, radioativo para o governo porque eu havia criticado Eduardo Leite".
Após a afirmação, ele chamou o ministro de "mau-caráter": "Então Paulo Pimenta fez esse trabalho de defenestração da minha imagem de uma maneira sórdida. Assim, eu vou dizer isso para você e eu digo sem medo agora, porque eu queria dizer isso para alguém que eu gostasse: Paulo Pimenta é um mau-caráter, essa é a verdade".
Após a suposta sabotagem, de acordo com ele, decidiu não ir para a Secom: "Eu disse 'não é isso, eu não tenho que estar no governo. Porque se para eu estar no governo eu preciso me silenciar, eu não posso criticar o Eduardo Leite, se para estar no governo eu não posso apontar os equívocos do próprio Lula, digamos assim, eu não quero estar, eu não sou esse".
Wyllys afirmou que a pessoa que é "não pode se submeter a silenciamentos, mesmo que seja do governo". "E eu acho, assim, na cabeça do Paulo Pimenta, não sei, ele achava que eu queria um cargo. Eu não quero um cargo, eu posso viver fora do governo".
De acordo com ele, "não é o cargo. Eu queria dar um trabalho para o governo, porque eu acredito neste e acredito na democracia sobretudo". O ex-deputado concluiu o assunto dizendo admirar Lula e a primeira-dama, Janja: "Então eu me apaziguei comigo mesmo e falei 'há males que vem para bem'. Eu vou defender o governo Lula e a agenda que a gente acredita, porque a gente votou nele por uma agenda, fora do governo. Então, Paulo Pimenta, mau-caráter, acabou me fazendo um favor. Lula tem toda a minha admiração, a primeira-dama tem toda a minha admiração, meu trabalho quando eles quiserem eu estarei lá de graça para ajudar no que for preciso. Mas eu não preciso estar o governo e muito menos na Secom, que está muito ruim".
O SBT News entrou em contato com a Secretaria de Comunicação Social para perguntar se vai se manifestar sobre as declarações de Jean Wyllys. Não houve retorno até a publicação da reportagem. O espaço permanece aberto.
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