Salão Internacional de Humor de Piracicaba (SP) completa 50 anos

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Seu Adolpho é piracicabano e destaca que a ideia de criar um salão de humor, na cidade do interior paulista, foi em plena ditadura militar. O ano era 1974: "Piracicaba sempre foi uma cidade briguenta, no bom sentido da democracia. O Adilson Maluf era do MDB, quando a maioria dos prefeitos do Estado de SP, na época, era tudo PDS, Arena, Piracicaba era uma ilha. Era o começo de uma resistência e o salão cumpriu um pouco desse papel".

A turma do Pasquim, referência do humor gráfico na época, apoiou a ousadia. Millôr Fernandes, que em 2023 completaria um século de vida, esteve em Piracicaba muitas vezes. Assim como Paulo Caruso, que morreu em março deste ano, e está sendo homenageado. Além da política, o cotidiano e o esporte também estão presentes no salão. O olhar crítico ano após ano amplia horizontes. Artistas da Croácia, de Cuba, dos Estados Unidos, e do Uzbequistão também enviaram trabalhos. 

Hussard há 30 anos vive em Piracicaba, trabalha como desenhista de perícia policial, mas, nas horas vagas, cria desenhos e já ganhou seis prêmios no salão. O cartaz da trigésima oitava edição é dele, em aquarela: "A ideia era usar dois símbolos da cidade, o salão do humor e o engenho central, que é onde acontece o evento, um prédio tombado, um dos últimos engenhos centrais de São Paulo que foi preservado, então tem um valor histórico grande, então eu fiz o barracão de engenho produzindo humor". 

Os trabalhos que antes vinham pelos Correios agora chegam pela internet. Assim, o badalado cartunista iraniano, Alizera Moghaddam, conheceu o salão e visitou Piracicaba em uma das edições. Este ano, a exposição pela primeira vez abriu espaço à escultura. As rainhas do rock Tina Turner e Rita Lee - que nos deixaram em 2023 - estão lado a lado.

Os craques Messi e Halland também estão presentes, mas em forma de desenhos. "A gente tem um tema que a gente indica no regulamento, este ano, a gente escolheu a crise dos 50 anos, a crise da meia idade, chegou coisa muito boa. Tem a política que é o dna do salão, a gente não pode deixar pra trás, tem crises mundiais, guerra, pandemia", conta o diretor do Salão de Humor, Junior Kadeshi. 

Este ano, foram mais de três mil trabalhos inscritos de 70 países do mundo. O Salão fica até o dia 29 de agosto no Armazém 14, no Parque do Engenho Central. A entrada é gratuita.