8 de janeiro: como a inteligência artificial levou golpistas para a prisão
Peritos dividiram investigação em três partes com a ajuda de softwares para cruzar imagens e DNA

Leonardo Cavalcanti
Na busca pela identificação dos responsáveis pela destruição de bens históricos durante os atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro, peritos recorreram à inteligência artificial. Softwares foram utilizados para cruzar imagens e vestígios de DNA. As investigações levaram cerca de 1.500 pessoas acusadas de tentativa de golpe para a prisão e foram divididas em 3 partes por peritos da Polícia Federal.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Vamos por partes: a primeira delas foi a remontagem virtual de 360° de todo cenário da Praça dos Três Poderes, incluindo a arquitetura interna dos prédios. Na "maquete computadorizada" feita a partir de imagens captadas no dia 8 de janeiro, inclusive feitas por drones, é possível, por exemplo, fazer um tour a partir dos vestígios da barbárie do gramado do Congresso até a tela As mulatas (1962), de Di Cavalcanti, disposta no terceiro andar do Palácio do Planalto. A obra, avaliada em R$ 8 milhões, foi golpeada 5 vezes.

A operação: 100 peritos criminais federais começaram o trabalho ainda na noite do domingo (8.jan). Recolheram máscaras, óculos de proteção, além de objetos usados como armas pelos golpistas. Ao longo de 48h, mostras de DNA foram recolhidas, formando um grande banco de vestígios biológicos.

A 2ª parte: os vestígios biológicos capturados em objetos na Esplanada foram cruzados com o material do Banco Nacional de Perfis Genéticos e com as informações dos DNAs obtidos dos detidos pela polícia - tudo com autorização judicial.
A 3ª parte: para a identificação visual os policiais contaram com uma ferramenta, a Peritus, desenvolvida no Instituto Nacional de Criminalística (INC) e lançada pela Polícia Federal há quatro anos e em desenvolvimento contínuo. A plataforma analisa conteúdo de vídeo (públicos e dos próprios celulares dos golpistas), comparação facial e fotogrametria forense, além de reconhecimentos de padrões de movimentos e até mesmo comparação de alturas. Mesmo com máscaras ou balaclavas, golpistas foram identificados.
O que se disse: "Mais do que acusar alguém, tais ferramentas servem para excluir suspeitos, dando mais efetividade às investigações, a tecnologia não dá a palavra final, ela serve de amparo", explica Evandro Lorens, perito federal e diretor da Fundação Justiça pela Ciência. A entidade promove de 28 a 31 de agosto a Conferência Internacional de Ciências Forenses, que ocorrerá em Brasília.