Corpo de José Murilo de Carvalho, imortal da ABL, é enterrado no Rio
Intelectual era um dos historiadores mais respeitado do país
Marcelo Torres
Foi enterrado nesta 2ª feira no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, o corpo do historiador José Murilo de Carvalho. Com 83 anos, Carvalho morreu em decorrência de complicações relacionadas à covid-19. O velório ocorreu na ABL, onde José Murilo ocupava a cadeira número cinco.
Nascido em Andrelândia, Minas Gerais, o historiador se formou em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua carreira incluiu lecionar na mesma universidade e atuar como pesquisador em renomadas instituições acadêmicas, como Stanford, nos Estados Unidos, e Universidade de Londres, no Reino Unido.
Antônio Carlos Secchin, poeta e crítico literário, foi um dos que prestaram homenagens, enfatizando sua importância de Carvalho como historiador, seu profundo amor pelo Brasil e sua preocupação com os rumos do país.
"José Murilo de Carvalho deixou um legado marcante no estudo da história do Brasil, especialmente nos períodos do império e da República Velha. Sua perspicácia intelectual, visão crítica e generosidade em relação ao país são lembradas por aqueles que o admiravam."
O escritor Ruy Guerra contou que se sentava perto de Carvalho nas relações da ABL e, bem-humorado, disse que sentia inveja do colega: "Eu tive a felicidade de falar isso pra ele há três semanas, da inveja que eu tinha do que se passava dentro da cabeça dele."
José Murilo de Carvalho desempenhou a função de professor e pesquisador convidado em diversas instituições de ensino, incluindo as universidades de Oxford, Leiden, Stanford, Irvine, Londres, Notre Dame, o Instituto de Estudos Avançados de Princeton e a Fundação Ortega y Gasset em Madrid.
Ele recebeu com o título de professor emérito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador emérito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Conquistou sua cadeira na ABL no ano de 2004, além de fazer parte do corpo da Academia Brasileira de Ciências.
Sua produção literária compreende 19 obras, incluindo títulos como "A Formação das Almas", "A cidadania no Brasil" e "Os bestializados".
Ele deixa um filho, Jonas Lousada de Carvalho.
O linguista Ricardo Cavaliere diz que "Carvalho eixa uma lacuna, mas fica aí a obra dele e eu acho que a principal homenagem que a gente pode fazer é continuar a leitura de sua obra, interpretação de suas ideias e fazer com que ele, através de seus livros, de sua produção intelectual, seja realmente imortal."