Estudo identifica presença de plástico em peixes da Amazônia
Material foi encontrado em cinco espécies diferentes, que estão entre as mais consumidas pela população
Mariana Rocha
Partículas de plástico foram encontradas em 336 peixes da Amazônia, analisados durante uma pesquisa coordenada pela equipe de zoologia da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Entre os 34 materiais identificados estavam fragmentos, sacolas, linhas de pesca e isopor.
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Os peixes examinados foram comercializados no Mercado Municipal de Tefé, na região do Médio Solimões, interior do estado. As espécies, que estão entre as mais consumidas pela população, são: jaraqui, sulamba, tucunaré, tambaqui, e pacu.
Alexandre Hercos, pesquisador da Fapeam, explica que a ocorrência de microplásticos em peixes já foi descoberta em outros locais da Amazônia, no rio Negro e em alguns Igarapés no estado do Pará. Na região do Médio Solimões foi a primeira vez. "Pode afetar a reprodução do peixe, o modo de vida, mas para a saúde humana a gente não sabe quais são as causas, não é preciso deixar de comer peixe por causa disso", afirma Alexandre.
De acordo com dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, o Brasil é hoje o maior produtor e poluidor de plástico da América Latina. A falta da coleta seletiva e do descarte correto fazem com que o material acabe nos rios. Em Manaus, todos os meses, Jadson Maciel, fundador do Remada Ambiental, reúne voluntários para coletar lixo no bairro Tarumã. Ele diz que os principais resíduos retirados da água são o plástico e o poliestireno, usado em caixas térmicas.
"A gente identifica o fabricante do resíduo para fazer com que o fabricante possa se envolver dentro desse programa. Porque a gente entende que não é só um problema da sociedade, a própria indústria tem o seu papel nesse problema", afirma Jadson.
As correntes oceânicas transformam os detritos em ilhas de plástico. O ambientalista e professor da Universidade Federal do Amazonas, Erivaldo Cavalcanti, explica que como o plástico é a prova de fungos e bactérias, a degradação dele é extremamente lenta e pode demorar mais de 100 anos.
Quem compra o pescado para consumo, em Manaus, fica preocupado. "Eu vou ter um pouco mais de cuidado, mas talvez eu não abra mão do nosso peixe, que é tão saboroso", afirma a empreendedora Arlete Piteira.
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