A imprensa e a nossa bolha nos protestos de 2013
Mascarados que destruíam tudo o que encontravam, hoje lutam por causas sociais na periferia
Há dez anos, estouravam nas ruas a série de protestos que marcaram a história do País. Foi esta data, 13 de junho de 2013, que nos levou a fazer a série de reportagens especiais que começou nesta 2ª feira (19.jun), no SBT Brasil. Para um repórter que cobriu muitas das violentas passeatas não seria uma tarefa difícil, mas com um desafio importante: não carregar a tinta nas opiniões que naturalmente temos formadas por tudo que vivemos naquele momento.
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E essa é a lição que foi tirada, no meu caso especificamente.
Minha visão era rasa até aqui. Porque os black blocs, que também nos agrediram e atacaram carros da imprensa inúmeras vezes, são, hoje, lutadores de causas sociais. Sim, e vivem na periferia. Foi uma bela lição, pra todos nós. A mais forte.
Os comandantes da Polícia Militar, que também usaram de violência extrema contra jornalistas, demonstraram, agora, tudo que negaram à época.
Eles foram pegos de surpresa, não sabiam como lidar com as manifestações, quase que diárias. No governo daquela época -- Geraldo Alckmin -- assumir incapacidades era algo raro ou quase impossível.
Os PMs aprenderam com a tropa na rua. Ver o coronel Reynaldo Rossi chorando ao se recordar da noite em que foi espancado por manifestantes foi outra grata surpresa.
Sim, os homens de farda também choram. Ainda bem!
No âmbito da Justiça, outro ensinamento. Há dez anos, a Polícia Civil destacou seus melhores delegados para enquadrar os black blocs em algum crime que os fizesse parar.
Os inquéritos foram guardados a sete chaves, recheados de ações sigilosas. O jornalista Robinson Cerântula e eu tivemos acesso a alguns dos relatórios só agora -- dez anos depois!
Não vou dizer que eles parecem peças de ficção de um governo que ficou perdido com os protestos. Nem que o trabalho da Polícia Civil estava à frente de seu tempo e, por isso, terminou arquivado.
Vou deixar pra você esta conclusão. É só ler e concluir. Dez anos depois, todos nós aprendemos.
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