MPF denuncia dificuldade dos Yanomamis para ter acesso a serviços públicos
Indígenas viajam até 10 dias para chegar a postos itinerantes do governo federal
Mariana Rocha
O Ministério Público Federal denunciou a dificuldade enfrentada pelo povo Yanomami para ter acesso a serviços públicos. Os indígenas chegam a viajar até 10 dias para chegar aos postos itinerantes do governo federal.
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Em Barcelos, município do interior do Amazonas, para evitar o longo deslocamento, a solução encontrada por um grupo foi se instalar em um praça. No acampamento, barras improvisadas com lonas e pedaços de madeira abrigam, de forma precária, centenas de yanomamis que buscam serviços de assistência social na cidade.
"Quando chove, a gente fica com medo. A gente corre lá em cima, para as crianças não se machucarem", conta um dos indígenas.
Os indígenas estão inscritos no programa do governo federal e da Caixa Econômica Federal que utiliza tradutores para levar atendimentos e serviços das agências bancárias ao grupo. O problema é que o barco itinerante com os serviços do banco não chega às aldeias.
Para ter acesso a serviços como documentação e cartões do Bolsa Família, os yanomamis precisam se deslocar das aldeias até o acampamento, que é organizado pelos próprios indígenas.
"Não tem local adequado, um local digno onde eles possam pernoitar e permanecer. O que a gente espera desse governo federal é que eles olhem com um olhar mais humano, para que eles consigam resolver o problema", afirma o secretário da Associação Indígena Xoromawe, Rui Moraes.
Cerca de 600 yanomamis, entre crianças, jovens e idosos, permanecem alojados nos acampamentos. Para o Ministério Público Federal trata-se de um "descaso" do poder público.
"A gente já pediu, judicialmente, ontem mesmo, novamente, medidas emergenciais para Barcelos, e medidas gerais para a mudança dessa situação. A gente não quer que isso aconteça de novo, e de novo, como tem acontecido, né?", observa o procurador da República Fernando Merloto Soave.
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