Maioria dos casos de violência contra crianças acontecem dentro de casa
No mundo, 300 milhões de crianças são regularmente submetidas a uma disciplina violenta
Gudryan Neufert
Um novo estudo sobre a violência contra crianças no Brasil mostra que a maioria dos casos acontecem dentro de ambiente familiar.
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Começa com um tapa dentro de casa, sem outras pessoas por perto, mas pode evoluir para socos no meio da rua, na frente de todos.
No mundo, 300 milhões de crianças são regularmente submetidas a uma disciplina violenta. No Brasil, elas são o grupo vulnerável que mais sofre violações de direitos humanos.
Uma pesquisa nacional da ONG ChildFund indica que, só nos primeiros seis meses de 2022, foram registradas quase 200 mil denúncias de violência contra meninos e meninas de até 9 anos.
No mesmo período do ano anterior, foram 186 mil. No intervalo de quatro anos, foram quase 35 mil mortes violentas de crianças e adolescentes. O relatório ainda alerta que a subnotificação é alta.
A região sudeste concentra o maior número de casos: 3,57 para cada 100 mil habitantes). As violências são classificadas em cinco categorias: sexual, institucional, negligência, que cresce com o aumento da fome, e física e psicológica, as mais frequentes.
7 em cada 10 crianças violentadas são agredidas dentro da própria casa, um cenário que torna o convívio familiar inviável, e encaminha muitos para abrigos, que estão lotados, mas é lá que tentam recomeçar a vida, muitas vezes, com marcas invisíveis.
"Aqueles que deveriam justamente estar protegendo, cuidando dessa criança dentro dos preceitos do próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, são aqueles que violam os direitos da criança", diz Maurício Cunha, diretor da ChildFund Brasil.
Passar uma borracha nos traumas é impossível, mas o carinho diminui a dor, e as brincadeiras ajudam a retomar a infância.
"Acaba carregando esse histórico para o resto da vida, a gente tenta ajudar no que é possível para dar esse amparo, esse acolhimento", diz a psicóloga Alana da Cruz Silva.
O relatório recomenda algumas ações como assistir famílias mais vulneráveis socialmente, fazer sessões de aconselhamento prévio nas comunidades, monitorar o uso da internet entre as crianças e desnaturalizar a violência como sendo parte do processo educativo das crianças.
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