Polícia investiga denúncia de maus-tratos em creche de Florianópolis
Imagens feitas por ex-funcionária mostram crianças "de castigo" em canil desativado e dormindo no chão
Morgana Fernandes
A Polícia investiga uma denúncia de maus-tratos a alunos de uma creche particular de São José, na região metropolitana de Florianópolis.
"Quando a gente chegou na porta da escola, ele começou a chorar desesperadamente, falando que a professora tinha batido nele. Simplesmente, eu fiquei em choque e, ao mesmo tempo, querendo acreditar no meu filho, e também querendo não acreditar", conta a mãe de uma criança.
Mesmo relato feito pela mãe de outro aluno: "ele falou que a professora bate nele com o cabo da vassoura e o deixou preso na grade".
Imagens feitas por uma ex-funcionária da creche mostram crianças de castigo no que, segundo ela, seria um canil desativado. Algumas dormem no chão e apresentam ferimentos nos rostos. Os sapatos estão presos aos pés delas com uma fita adesiva.
A ex-funcionária enviou as imagens aos pais dos alunos e também registrou um boletim de ocorrência. Segundo ela, bananas e uma maça picadas eram divididas entre 17 crianças no café da manhã. No almoço, apenas uma mesma marmita era compartilhada por 4 turmas.
"Toda vez, ele chegava desesperadamente: 'mãe, me dá água; mãe, eu estou com fome'", lembra uma mãe.
A proprietária da creche foi levada à delegacia e prestou depoimento. Ela foi liberada porque o delegado considerou que ainda não havia elementos suficientes para a prisão.
"O delegado encaminhou o caso para delegacia especializada, onde, ai sim, vai atender as crianças com atendimento psicológico, para verificar quais os delitos que essa pessoa praticou, e se praticou algum crime", afirma a delegada regional da Polícia Civil, Michelle Alves.
Entre as várias irregularidades, a creche não tinha alvará de funcionamento. O Conselho Tutelar e o Conselho Municipal de Educação e Vigilância Sanitária estiveram no local, que foi fechado temporariamente. Vinte pais e responsáveis entraram com um processo coletivo contra a proprietária.
"Sabemos que os crimes de maus-tratos são de menor potencial ofensivo, e não é isso que queremos. A gente quer ser justo, averiguar os fatos", conclui o advogado das famílias, Tiago Santos de Souza.
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