SP: furtos e roubos de picapes cresceram quase 30% em 2022
Estado concentra maior frota de utilitários do país; seguros chegam a R$ 12 mil
Luciano Teixeira
O modelo da picape do Dário é um dos mais buscados pelos ladrões. Por isso, apesar de pagar R$ 12 mil por ano no seguro, ele toma vários cuidados: fica de olho quando para no farol e presta ainda mais atenção no retrovisor. Além disso, ele evita estacionar na rua.
"Ela é bem visada por causa do conforto, pela força, pela pouca manutenção e você ir nos lugares. Eu carrego muita coisa nela, um carro normal não dá para fazer. A gente tem sempre que tomar cuidado", conta o empresário Dário Cupertino.
Esses são só alguns dos cuidados que muitos donos de picapes tomam no dia a dia, principalmente no estado de São Paulo, onde, segundo um levantamento de uma empresa de rastreamento, o número de roubos e furtos disparou.
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O estado, com base nos dados do Portal da Transparência da Secretaria da Segurança Pública, aponta crescimento de 27,46% neste tipo de crime, entre janeiro e novembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2021.
"Ele aumentou com relação a 2019 também. E isso faz com que a gente possa entender que ficou represado durante um tempo, em 2020, os números caíram bastante por falta de circulação dos carros, nessa situação de represamento dos roubos e furtos acabou se agravando em 2022", explica o gerente da Ituran Brasil, Rodrigo Bouti.
De acordo com o levantamento, a maior parte dos crimes aconteceu na capital paulista, seguida das cidades de Campinas e Ribeirão Preto. Os ladrões preferem furtos no lugar de roubos. Eles agem em dias de semana e no período da manhã. A maioria das ações acontece em via pública.
O estudo revela ainda que os veículos preferidos dos ladrões têm entre 5 e 10 anos de idade, por conta da demanda de peças no mercado paralelo, que é alimentado pelos desmanches de carros roubados. Com isso, o valor do seguro das picapes mais visadas pelos assaltantes aumentou em até 50%.
"O roubo e furto de veículos têm uma influência direta no preço do seguro. Como a gente está em um momento que aumenta essa incidência de roubos e furtos, a gente vai observar o aumento, para aqueles veículos mais visados, a gente vê o preço do seguro subindo. Isso realmente acontece", observa o vice-presidente e diretor técnico de uma seguradora, Manes Erlichman.
De olho nesse mercado, algumas empresas especializadas viram crescer a busca por alternativas mais baratas, como os rastreadores. "O mercado de rastreadores cresceu muito nos últimos 4 anos, aproximadamente, 30% no último ano, tendo em vista que os clientes procuram soluções mais acessíveis", afirma a líder do departamento de recuperações de uma empresa de rastreamento, Leila Solera.
O Rodrigo teve a picape roubada com a carga pelos ladrões na zona sul da capital paulista. Como tinha o dispositivo, conseguiu recuperar pelo menos o veículo. "Liguei no pessoal que faz o rastreamento e aí, em questão de 15 minutos, eles retornaram a ligação, dizendo a localização do meu carro", relata o motorista Rodrigo Almeida.
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