Aumenta o número de recém-nascidos não reconhecidos pelo pai na certidão
Este número é o maior que o registrado no mesmo período dos quatro anos anteriores
Gudryan Neufert
Aumentou o número de recém-nascidos pelo pai na certidão de nascimento. Especialistas alertam que o abandono afetivo pode gerar problemas para o futuro da criança, mas as mães podem entrar com processo na Justiça pedindo a presença do pai.
"Uma pessoa que, vamos supor,foi abandonada afetivamente pelo pai, ela pode ter dificuldade de criar laços, de gerar confiança, diante de relações que ela venha a criar futuramente", explica Alberto Cunha, psicólogo.
Nos primeiros sete meses deste ano, segundo levantamento do Portal Transparência Brasil do Registro Civil, mais de cem mil (100.717) recém-nascidos não foram reconhecidos pelos pais e tem só o nome da mãe na certidão de nascimento. Este número é o maior que o registrado no mesmo período dos quatro anos anteriores -- apesar de a taxa de natalidade ter diminuído no país.
O abandono afetivo não tem nada a ver com a falta de pensão alimentícia. Ele se caracteriza pela ausência de sentimento e convivência do pai ou da mãe em relação à criança, ou adolescente.
"Abandono afetivo é quando aquele que tem a obrigação legal de prestar toda a assistência, não só afetiva, mas também educacional, de segurança, a vida social da criança, simplesmente não faz, o abandona", explica a advogada Vanessa Paiva.
Cada vez mais, quem se sente abandonado tem procurado a Justiça para reparar a falta de amor. Quantificar o valor desse prejuízo sentimental é difícil, mas não é impossível. Há vários processos com sentença definitiva.