PF investiga suposto envolvimento de delegados da Baixada Santista com PCC
Ex-presidente do Santos, Orlando Rollo, está entre os presos suspeitos de desviar cocaína apreendida pela polícia

SBT News
A fachada é de uma delegacia, no entanto, segundo investigação da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo, o local abrigava uma espécie de escritório do crime.
Foi lá onde o investigador Orlando Rollo, ex-presidente do Santos Futebol Clube, preso na última 6ª feira (18.nov); o advogado João Manoel Armoa, preso em setembro; e um traficante da facção Primeiro Comando da Capital, o PCC, se reuniram em agosto deste ano.
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Para a população da Baixada Santista, a delegacia fecha às 8 horas da noite. Mas, de acordo com os promotores, os três selaram um acordo dentro das dependências do DP, entre as 11h51 do dia 07 de agosto e as 02h29 da madrugada do dia 08.
Em seguida, em uma mensagem, Armoa pediu ao policial para ver "a matemática final da devolução da cerveja". O policial respondeu que iria "agilizar esse retorno". A "cerveja", na verdade, era cocaína.
Os policiais tinham apreendido 700 quilos de cocaína do PCC em um compartimento no teto de um caminhão. Contudo, apenas 168 quilos da droga foram apresentados pelos investigadores na delegacia. O acerto seria de R$ 5 milhões para que a droga voltasse às mãos da facção.
Em uma mensagem de áudio, o advogado falou sobre o acerto com o cliente. "R$ 4,5 milhões teu prejuízo, porque tu tá colocando o preço da Bolívia, né? Se eles embarcarem fazendo chegar lá, dá muito mais do que isso, né, que eles roubaram", afirma o defensor.
A resposta dos traficantes foi direta. Os criminosos do PCC acompanham as cargas de drogas com drones e câmeras escondidas nos caminhões. "Você pode avisar que [sic] 'nóis é safado, nóis é pilantra, mas tinha dois drones lá, carregado em cima. Quando abre a caixa, e vai fazendo o trabalho, nóis grava tudo na go-pro, pra depois mandar pros caras lá, fechando a lata, abrindo a lata, até o caminhão sair", explica um dos integrantes da facção.
Ao todo, 7 investigadores da Baixada Santista foram presos nas operações da Polícia Federal e do Ministério Público. As suspeitas, porém, não param por aí. Dois delegados também estão sendo investigados.
Há ainda a suspeita de que outros integrantes da cúpula da polícia sabiam do esquema criminoso. Isto porque, os investigadores que trabalhavam na delegacia foram misteriosamente transferidos depois do acerto, mas, não punidos.
Orlando Rollo, investigador condecorado pela Polícia Civil, foi mandado para a Delegacia da Infância e da Juventude. Era lá que ele trabalhava quando foi preso na semana passada.
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