Deputado Bibo Nunes diz que universitários deveriam ser "queimados vivos"
Declaração foi feita após estudantes promoverem um ato contra os cortes orçamentários
Luciane Kohlmann
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou, nesta 6ª feira (21.out), um procedimento para averiguar falas publicadas pelo deputado federal Bibo Nunes (PL), do Rio Grande do Sul, em suas redes sociais. Em uma transmissão ao vivo, o parlamentar sugeriu que estudantes das universidades federais de Santa Maria (UFSM) e Pelotas ( UFPel ) merecem ser "queimados vivos".
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As declarações foram feitas após um ato promovido pelos alunos da UFSM contra cortes orçamentários. Em resposta, o deputado gravou o vídeo, no qual também chamou os estudantes de inúteis e os acusou de serem "alienados" e "comprar maconha, cocaína do traficante que trafica armas para dar para bandidos".
Apesar de ter ido ao ar em 9 de outubro, a publicação passou a ser alvo de críticas depois do ex-reitor da UFSM, Paulo Burman, publicar um trecho do vídeo, repudiando as falas. Ele classificou as palavras do deputado como covardes. O atual reitor da universidade também repudiou qualquer ação que tente deslegitimar os estudantes.
Em sua defesa, Nunes publicou um novo vídeo, afirmando ser vítima de uma edição fraudulenta por parte do ex-reitor, que teria pego partes do vídeo para generalizar os estudantes. Segundo o parlamentar, ele alertava para o perigo do tráfico de drogas para jovens usuários.
O fato de Bibo ter sugerido que os estudantes fossem "queimados vivos" também foi alvo de críticas da Associação de Vítimas e Sobreviventes da Boate Kiss. Isso porque umas universidades federais atacadas por ele é da cidade de Santa Maria, onde um incêndio na boate Kiss matou 242 pessoas - a maioria jovens - em 2013. Em nota, a associação disse não aceitar a desculpa de que seria um "mal-entendido" e lembrou que a maioria das vítimas era estudante da UFSM.
Como o deputado tem foro privilegiado, o Ministério Público Federal pode encaminhar o caso à Procuradoria-Geral da República, se algum crime for identificado. O parlamentar também poderá responder por dano moral coletivo.