Luva de Pedreiro: em meio a especulações, um jovem em conflito
Jovem influenciador do bordão "Receba" fez anúncio precoce de sua aposentadoria
Márcia Dantas
Essa semana, Iran Alves, o influenciador que ficou conhecido como "Luva de Pedreiro" voltou a ser assunto de vários sites de notícias. O anúncio de aposentadoria precoce do autor do bordão "Receba" pegou todos de surpresa. Em seguida, vieram especulações sobre um novo contrato e tudo não passar de uma jogada de marketing.
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Esse texto não vai entrar em polêmicas. Quero convidar você a olhar para esse jovem, de 20 anos, que ficou famoso da noite para o dia e passou a viver a vida que sempre sonhava. Será?
De uma cidade pacata no nordeste Baiano, Iran viu suas jogadas de craque da pelada com os amigos serem vistas pelo mundo todo. Mas também foi apresentado à ganância e ao ego da sociedade capitalista. Teve um primeiro contrato com um empresário quebrado e muitos prejuízos financeiros. Estrelou comerciais, foi a programas de TV, participou de festas com jogadores famosos.
E quem era ele no meio de tudo isso?
Um personagem. O personagem do menino pobre que ficou famoso, mas nunca será como um deles. Iran não foi incluído verdadeiramente no mundo da fama porque jamais faria parte dele se não fosse a internet.
Luva de Pedreiro virou um personagem cômico e que servia para gerar conteúdo para craques e famosos que se diziam "amigos".
Luva talvez não tenha suportado viver apenas esse personagem. Um dos maiores influenciadores do mundo do futebol não conseguiu ser ele mesmo.
E o motivo é óbvio: a pureza, a humildade e a falta de malícia não cabem no mundo dos salários milionários, das festas regadas a champanhe, carros de luxo e muita ostentação.
Pode ser uma vida atrativa para muita gente, mas também é muito vazia. Talvez Iran não tenha suportado receber ordens o tempo todo dos poderosos do marketing, não tenha suportado servir de piada o tempo todo, não quisesse mais passar tanto tempo longe de casa e de tudo que sempre valorizou antes. Coisas que o dinheiro não compra.
Talvez seja difícil para quem tem pouco entender que o dinheiro não é a solução para todos os problemas e nem sinônimo de felicidade.
Para Iran, ele foi sinônimo de prisão. Aprisionado por contratos, por um personagem, por uma vida fake que ele não foi capaz de assumir.
Iran não está errado. Quem viu nele um bom negócio, também não está.
O conflito, na minha opinião, está na forma como a sociedade impõe que um jovem usufrua do dinheiro e da fama.
Obrigatoriamente ele precisou se submeter a um estilo de vida que não é o seu.
Agora o conflito interno desse jovem será: o que o Iran quer agora? E o que o Luva de pedreiro vai construir daqui para a frente? Essa resposta não está em contratos e nem na boca de empresários.
Ele precisa agora de uma boa orientação psicológica e parental. Iran precisa se encontrar antes que se perca totalmente. A ilusão é tentadora. A vida real não viraliza.