Médicos alertam sobre risco do consumo de álcool na gravidez
Sociedade de Pediatria de São Paulo promoveu ação no metrô de São Paulo para orientar a população
Cristina Christiano
No Dia Mundial de Prevenção à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), nesta 6ª feira (9.set), médicos fazem um alerta: um em cada 1000 bebês nascidos vivos na Europa e nos Estados Unidos é portador da SAF porque a mãe consumiu bebida alcoólica durante a gravidez. Para alertar as mães sobre os riscos do consumo de álcool na gravidez, a Sociedade de Pediatria de São Paulo, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) e outras entidades médicas promoveram uma ação nesta manhã no terminal da Empresa Municipal de Transportes Urbanos (EMTU) do Metrô Jabaquara, na capital paulista. Nesse mutirão de orientação médica, especialistas distribuíram materiais informativos e expuseram bonecos e banners com apontamento de órgãos mais afetados pela doença. Todas as gestantes atendidas receberam rosas, bombons e água para brindarem a boa saúde delas e de seus bebês.
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O consumo de álcool na gestação é a principal causa de deficiência mental não congênita e pode afetar sistemas de todo o corpo, como complicações cardíacas, renais, malformações faciais e neurológicas. A SAF é a forma mais grave da doença. A neuropediatra e conselheira do CISA Conceição Segre diz que, como a ciência não sabe qual o nível seguro de álcool no sangue da gestante que afeta a formação do feto, a ordem é não consumir nada. "Qualquer dose pode atingir o feto, porque o álcool vai direto para o sistema central e pode lesar qualquer órgão", explica.
Embora não haja no Brasil estatísticas sobre o uso de álcool na gravidez, estima-se que 15% das gestantes bebem. Esse índice é superior ao registrado em outros países, onde a prevalência é de 11%. A preocupação de especialistas é de que esse cenário possa ser agravado em razão de mais brasileiras em idade fértil terem começado a consumir álcool na última década e ter aumento do consumo abusivo de bebida por mulheres desta faixa etária. Levantamento feito pelo Cisa aponta que, entre 2010 e 2020, houve tendência de alta, com variação média anual de 4,2% nesse padrão de consumo entre as brasileiras.
Diagnóstico difícil
Uma das grandes preocupações hoje é que a SAF é uma doença difícil de ser diagnosticada porque falta treinamento aos profissionais da saúde e, em média, apenas 1% das crianças afetadas são diagnosticadas. Bebês com a síndrome têm alterações características, como microcefalia (cabeça e crânio pequenos), olhos pequenos, lábio superior fino, face plana e fissuras palpebrais curtas. Em regra, podem apresentar baixo peso ao nascer devido à restrição de crescimento intrauterino, bem como comprometimento do sistema nervoso central com distúrbios de aprendizagem, de memória e da atenção, dificuldades socioemocionais e comportamentais.
Uma das consequências da doença, mas ainda pouco associada ao consumo do álcool na gestação, é o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), que está presente em 50% a 80% das crianças afetadas.