Ministério da Mulher amplia campanha de prevenção contra escalpelamento
Cristiane Britto levou caso de menina escalpelada em Goiás ao grupo de trabalho interministerial
SBT News
Uma menina de 10 anos foi escalpelada por um trator dirigido por seu avô em Goiás na 5ª feira (11.ago). A criança também teve fraturas no corpo e foi internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, visitou a vítima na 6ª feira (12.ago) e levou o caso ao grupo de trabalho interministerial que luta pela erradicação do escalpelamento no país.
O escalpelamento é um acidente relativamente comum, principalmente na região Norte e nas zonas rurais, e ocorre quando o cabelo da mulher fica preso no motor de barcos ou de máquinas, o que acarreta a perda do couro cabeludo.
Em entrevista exclusiva ao programa Poder Expresso do SBT News, em conversa com a jornalista Roseann Kennedy, nesta 2ª feira (15.ago), a ministra Cristiane Britto comentou que esse não é um caso isolado. "O acidente de escalpelamento na região Norte é muito comum, principalmente em relação à crianças, à meninas. Às vezes o motor do barco não tem proteção e aí, pela ventania, o cabelo acaba enroscando e puxa. Quando puxa vem o couro cabeludo e, muitas vezes, o nariz, a orelha, a sobrancelha. Mulheres que ficam mutiladas pro resto da vida", afirmou a ministra da Mulher.
Dia 28 de agosto é o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento no Brasil. Muito comum em comunidades ribeirinhas no norte do país, as vítimas de escalpelamento podem levar várias horas para receberem os primeiros socorros, por conta do difícil acesso aos locais. O sofrimento dessas mulheres continua na vida adulta por conta das sequelas dos acidentes, que causam muitas dores e o preconceito que marca a vida dessas mulheres.
"A gente se deparou com essa realidade no norte, mulheres se isolaram (...) pro resto da vida porque quando elas saem às ruas, são tidas como monstros. Ficam desfiguradas, elas não conseguem exercer qualquer tipo de atividade, porque na região norte o sol é muito quente, essa parte da cabeça é muito sensível e elas sentem muitas dores. Tem mulheres que sobrevivem à base de morfina", disse Cristiane.
De acordo com a ministra, foi criado um grupo de trabalho que envolve nove ministérios com o objetivo de erradicar esses acidentes e orientar os trabalhadores e moradores dos campos e de zonas rurais. "Nosso objetivo é fazer campanha sobre prevenção do acidente de escalpelamento, aprimorar e aperfeiçoar essa cobertura do motor dos barcos, e também, em parceria com a Marinha, intensificar a fiscalização desses barqueiros que retiram a proteção e também resgatar a dignidade dessas mulheres", destacou.
Cristiane ainda divulgou a iniciativa criada pelo grupo de trabalho interministerial que promove um curso de qualificação profissional às mulheres vítimas de escalpelamento na região norte. O caso da menina está sendo acompanhado pelo ministério, que tem fornecido amparo psicológico e médico para a criança.
Acompanhe a entrevista completa da ministra Cristiane Britto: