Polícia investiga denúncia de racismo contra menina de 11 anos em escola
Mãe registrou ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais do Rio de Janeiro
Liane Borges
Ana Vitória, de 11 anos, é modelo. Acostumada a sorrir nas fotos, a menina vinha sofrendo, calada.
"Eu sentia muita tristeza, muita mesmo. Porque eu pensava que eles eram meus amigos, mas depois do que aconteceu... eu percebi que eles não eram meus amigos de verdade", conta a estudante.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Foi a mãe, Camila Barbosa, quem descobriu a razão da tristeza da filha, ao ver o grupo de conversas de amigas da escola. "Algumas meninas decidiram fazer um 'jogo da discórdia' e cancelaram a Ana Vitória. Eu cancelo a Ana Vitória porque ela se acha modelo, ela se acha 'Rapunzel', ela só vive de mega-hair, porque ela tem vergonha do cabelo dela, que é curo", afirma a mãe, lembrando alguns dos ataques direcionados à menina.
Algumas ofensas foram enviadas por mensagens de áudio, em março. "Da sua cara, da sua pele, do seu cabelo, mais o que? Teu cabelo é seboso, me irrita. Você me irrita, sua voz me irrita, tua cara me irrita", diz a gravação.
Andreza, que coordena os desfiles da menina, diz que a rejeição fez Ana Vitória mudar até a maneira de arrumar os cabelos. "Eu fiquei muito preocupada, então os penteados dela eram os menos chamativos possíveis para que isso não pudesse gerar essa provocação, essa perseguição na escola, por conta do cabelo", relata a coordenadora de desfiles, Andreza Leopoldino.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais do Rio de Janeiro. Diante da repercussão, esta semana, a menina deixou de frequentar as aulas na escola particular, na Baixa Fluminense. O colégio informou que, embora as ofensas tenham ocorrido fora do ambiente escolar, convocou os responsáveis pelas alunas envolvidas no episódio, e que repudia qualquer ato de preconceito.
"A gente orienta que preconceito aqui não vai ter vez, que racismo, a gente não aceita racismo. Nós temos vários negros, vários alunos homossexuais, vário alunos especiais de alguma forma, e a gente não aceita nenhum tipo de preconceito com esses alunos", argumenta a professora Ariane Claire.
Leia também: