Gabriel Monteiro confirma que ofereceu dinheiro para morador de rua cometer crime
Político disse que fazia experimento social; para delegado forjar crime é ilegal, independente das condições
Novos depoimentos no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, dentro do processo que analisa se o vereador Gabriel Monteiro (PL-RJ) cometeu quebra de decoro parlamentar, confirmam crimes cometidos pelo político.
Foram ouvidos na tarde desta 3ª feira (21.jun), como testemunha de defesa, o delegado Luís Maurício Armond - responsável pela condução do inquérito criminal que apura a divulgação de um vídeo do vereador fazendo sexo com uma menor de idade, entre outras denúncias, e o policial militar que integra a equipe de segurança do vereador, Pablo Foligno.
Pablo aparece no vídeo coagindo e empurrando o homem em situação de rua na Lapa, Região Central do Rio, durante a simulação proposta pelo vereador. Sobre o empurrão, o PM disse que agiu em legítima defesa e que o homem estava com uma pedra na mão com a intenção de atingir o vereador. Ele confirmou que Gabriel teria oferecido R$ 400 ao morador de rua para que ele participasse da ação.
"Experimento social"
O vereador Gabriel Monteiro acompanhou os depoimentos e, inclusive, confirmou aos jornalistas ter oferecido dinheiro para que morador de rua cometesse crime na Lapa e participasse do vídeo. O político do PL porém justificou e disse que fazia um experimento social.
Para o delegado Luís Maurício Armond, do ponto de vista da lei, forjar um crime é ilegal, independentemente de se tratar ou não de um experimento ou das circuntâncias envolvidas. Armond afirmou ainda que além do inquérito que apura o vídeo em que Gabriel Monteiro e a equipe dele forjam um crime de furto, o vereador está sendo investigado por peculato, coação de testemunhas, suborno e estupro.
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"O embasamento em si [de experimento social] não vai afastar uma ilicitude do fato. Caracterizando que houve essas exposições e tudo mais, embora seja um experimento, não é todo experimento que é permitido. Então, não vejo como isso afastar alguma coisa. A exposição é real. Está se simulando uma situação, mas nem todos os personagens, pelo o que está sendo apurado, estariam conscientes dessa questão. Não seria uma encenação. Haveria a possibilidade de acontecimentos imprevisíveis", disse o delegado, à saída da comissão.
Na próxima 5ª feira (22.jun), será a vez de Gabriel Monteiro ser ouvido no Conseho de Ética. Mas o julgamento dele deve acontecer só em agosto, depois do recesso parlamentar.