Líder indígena do Javari relata medo e ameaças após mortes no Amazonas
Beto Marubo se encontrou com o ministro Roberto Barroso e descreveu possíveis atividades criminosas
O líder indígena Beto Marubo, integrante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), relatou ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) ameaças, medo e sensação de abandono na região do Javari. Segundo ele, os casos ficaram mais evidentes após as mortes do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips, no início do mês.
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Durante o encontro, Beto afirmou que foi pessoalmente ameaçado, juntamente com o irmão Eliezio Marubo, o indigenista Orlando Possuelo e Francisco Cristóvão, da equipe técnica de indigenistas. Por recomendação das autoridades de segurança locais, ele deixou a região, uma vez que foi identificado, por meio de um bilhete anônimo deixado no escritório da área jurídica da Univaja, perigo de vida.
"Faço um apelo: nós perdemos um grande brasileiro [em relação a Bruno]. Precisamos de intervenção agora no Vale do Javari", disse o líder indígena ao ministro Barroso, que afirmou que o governo está "perdendo a soberania da Amazônia para o crime organizado".
De acordo com Beto, o indigenista foi morto por ter feito o mapeamento de atividades ilegais na região e da logística adotada pelos integrantes das quadrilhas. Ele também disse que, ao longo dos últimos anos, Bruno ensinou aos indígenas como utilizar recursos e tecnologias para qualificar informações, de forma técnica, sobre o aumento das invasões do território do Vale do Javari.
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Beto revelou ainda que há outra morte que pode estar associada ao crime envolvendo Bruno e Dom: a de Maxciel Pereira dos Santos, em 2019. O homem chefiou, por cinco anos, o Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional do Vale do Javari, e morreu com dois tiros na cabeça em Tabatinga. Para ele, o caso também está envolvido com redes criminosas.