Dia Nacional da Liberdade de Imprensa é celebrado em meio à ameaças
Número de casos de censura e descredibilização aumentaram significativamente em 2021
Camila Stucaluc
O Brasil comemora, nesta terça-feira (7.jun), o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Apesar do acesso à informação ser um direito humano fundamental para fortalecer a cidadania, muitos casos de ataques e ameaças continuam sendo registrados contra profissionais do setor, fazendo com que a censura continue sendo a principal forma de violência contra a liberdade de imprensa, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
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Ao todo, foram identificados 140 casos de censura ao longo do ano de 2021, representando 32,56% dos ataques à imprensa no período. Em segundo lugar ficou a descredibilização das agências de notícia, com 131 casos registrados, número que já estava em alta desde 2019. No ranking mundial de liberdade de imprensa, o Brasil encontra-se no 110º lugar, quando comparado com outros 179 países.
Nos últimos meses, a Fenaj vem se manifestando contra ataques a jornalistas, como foi o caso de Lucas Neiva, do portal de notícias "Congresso em Foco", registrado na última segunda-feira (6.jun). Segundo a federação, o profissional recebeu ameaças de morte e teve dados pessoais vazados após a publicação de uma reportagem em que denuncia a tática de um fórum anônimo para produzir informações falsas em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As ameaças são estarrecedoras e foram feitas por meio do site 1500chan, o mais ativo imageboard brasileiro, conforme registrou o portal: "Parece que alguém vai amanhecer morto"; "Eu ri do jornalista esfaqueado em Brasília e queria que acontecesse mais", escreveram dois usuários. Também há mensagens tramando ataques à honra do repórter.
"Não se trata de liberdade de expressão, mas de disseminação de informações falsas e até mesmo de práticas criminosas, como o racismo. É preciso identificar os responsáveis como primeiro passo para a garantia das liberdades de expressão e de imprensa e da retomada do verdadeiro debate público e das práticas democráticas", defendeu a Fenaj.