Chuvas deixam mais de 6 mil pessoas estão desabrigadas em Pernambuco
Número de vítimas dos deslizamentos chega a 106. Dia foi de limpeza nas regiões mais atingidas
Michael Carvalho
No carrinho de mão, Diogo carrega as poucas coisas que conseguiu salvar. A casa dele é uma das milhares de moradias destruídas, pelas enchentes e deslizamentos de terra, nos últimos dias, em Pernambuco.
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"Vão demolir tudo, então é melhor tirar logo os móveis. O que for inteiro, o que estiver intacto ainda... porque a casa da gente foi mais da metade", conta o embalador Diogo da Silva.
Relatos como o dele se tornaram a realidade dos moradores de Recife e das demais cidades vizinhas da capital pernambucana. Nestas regiões, castigadas pelos temporais, o dia foi de muito trabalho, para tentar limpar e resgatar o que a chuva e a lama deixou para trás.
O cenário, porém, é de destruição e tristeza. Pelas ruas, bens conquistados ao longo de toda a vida deram origem a grandes montanhas de lixo. Desde a semana passada, a Prefeitura de Recife já recolheu cerca de 15 toneladas de entulho das vias da cidade. "Tantas coisas que você comprou, que conquistou, e aí vem isso daí [o deslizamento] derrubando o que você conquistou e suou. Isso que é doloroso", lamenta o embalador.
O número de desabrigados, em decorrência dos temporais, já ultrapassa 6 mil no estado; famílias inteiras alojadas em 34 abrigos temporários, que contam acima de tudo com a solidariedade dos próprios conterrâneos.
"As pessoas estão chegando junto, estão trazendo doações. Ontem mesmo, chegou muito. E as doações que já vieram, a gente já passou para outras localidades, então, a gente está aqui nessa luta", diz uma voluntária. As doações também vêm de outros estados e de organizações sem fins lucrativos.
A angústia de quem perdeu tudo se soma a dor de quem ainda precisa enterrar os entes queridos. Ao longo desta 3ª feira (31.mai), o movimento foi intenso no Instituto de Medicina Legal de Recife, depois que os corpos de mais 12 vítimas foram liberados.
Os legistas fazem plantão para tentar trazer alento às famílias. É o caso de Edna, que perdeu a filha de um 1 ano e 3 meses depois que a casa dela alagou. "Eu acordei de manhã, aí quando toquei na cama, ela não tava. Aí eu olhei para o chão, e ela estava lá, na água", lembra a mãe, Edna da Silva.
No cemitério, as despedidas acontecem em meio a homenagens. Familiares de Andreza e Leandro usavam camisetas com as fotos das vítimas, que morreram soterradas dentro de casa. A família deles alugou um retroescavadeira para dar suporte aos bombeiros na busca pelos corpos.
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