Chefe de organização criminosa no Rio de Janeiro continua foragido
Rogério de Andrade é suspeito de dezenas de assassinatos e tinha ajuda de policiais e delegados corruptos.

Giselle Cabral
A lista do Ministério Público é longa: exploração do jogo do bicho, corrupção ativa, extorsão, lesão corporal, lavagem de dinheiro e homicídio. Estes são os crimes atribuídos ao contraventor Rogério de Andrade, na denúncia que embasou a "Operação Calígula" deflagrada, nesta 3ª feira (10.mai), com mais de 30 denunciados e 14 presos. Entre eles, está o PM reformado Ronnie Lessa, preso desde 2019 e réu no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Os promotores também descobriram uma rede de corrupção envolvendo agentes públicos. Um dos episódios envolveu a reabertura de um bingo de Andrade na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, fechado em 2018.
Um histórico que segue o legado de um dos maiores bicheiros do Rio de Janeiro. Rogério de Andrade é sobrinho de Castor de Andrade, que fez fama e fortuna na contravenção nas décadas de 1980 e 1990 no Rio de Janeiro. Foi o braço-direito do tio até a morte dele em 1997. Era o início de uma disputa pelo comando da máfia do jogo do bicho que se expandiu para além do Rio de Janeiro. O principal herdeiro, o primo Paulo Roberto de Andrade, foi assassinado um ano após ser apontado como mandante.
Rogério de Andrade foi condenado há quase 20 anos de prisão em 2002, mas o julgamento foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em novo júri, foi absolvido em 2013. Três anos antes, em 2010, o contraventor foi alvo de um atentado na Barra da Tijuca. O carro em que ele e um dos filhos estavam foi atingido por granadas. Diogo, na época com 17 anos, morreu na hora. O crime teria sido motivado pela disputa de pontos de máquinas caça-níqueis na região.
Andrade voltou a ser investigado em 2020, apontado como mandante do assassinato do rival, Fernando Ignácio, que era genro de Castor de Andrade. O bicheiro foi atingido por vários tiros em uma emboscada em um heliponto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. Em fevereiro, o STF encerrou a ação penal contra Rogério de Andrade.
Agora o bicheiro é considerado foragido e nesta 3ª feira (10.mai) foi incluído na lista vermelha da INTERPOL. Na denúncia, do ministério público, ele é apontado como líder de uma organização criminosa, integrada pelo filho Gustavo de Andrade, que também está foragido, pelo PM reformado Ronnie Lessa, e de mais dois delegados suspeitos de facilitar as ações do grupo.
Ronnie Lessa está preso desde 2019, réu pela morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A proximidade com o bicheiro chamou atenção dos promotores que também investigam o possível envolvimento de Rogério na morte da vereadora. A defesa dele nega e diz que a operação não demonstrou a necessidade de prisão cautelar de Rogério de Andrade.
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