Presidente do CNE avalia que não houve interferência no conteúdo do Enem
Maria Helena Guimarães considera que prova seguiu padrão de anos anteriores
Roseann Kennedy
A Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Helena Guimarães, defendeu, nesta 2ª feira (22.nov), mudanças no modelo de governança do Exame Nacional do Exame Médio (Enem) para evitar que alterações no comando do Ministério da Educação impactem na prova, mas considera que não houve interferência do governo Bolsonaro no conteúdo dos testes aplicados nesse domingo.
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Maria Helena observou que o conteúdo da prova trouxe temas sociais que poderiam ser de desagrado da atual gestão e citou exemplos. "Eu acredito que não tenha ocorrido nenhum tipo de interferência, uma vez que os padrões do Enem foram mantidos. Claro que algumas perguntas, como por exemplo, sobre a Ditadura Militar, que foi um tema que foi discutido nos jornais, não apareceu. Mas aparecem temas como indígenas, quilombolas, minorias, direitos humanos, ditadura de Vargas, todos esses temas aparecem. Aparece um tema ligado a Engels, como também um outro tema, na parte de história, do cantor Zé Ramalho. Então, são temas críticos, tradicionais na prova do Enem, que foram mantidos", diz.
A presidente do conselho também aponta que a prova foi equilibrada dentro dos parâmetros do Enem. Ela ressaltou que a avaliação que fez do exame é uma opinião pessoal e não um posicionamento formal do CNE.
Maria Helena lembrou, ainda, que a prova é elaborada com base em um banco de itens que desde 2019 não sofreu alterações.
Gestão do Enem
O Conselho Nacional de Educação está fazendo uma consulta pública para avaliar alterações no Enem. Todas as pessoas interessadas em participar podem apresentar sugestões até o dia 26 deste mês. As alterações são para ocorrer a partir de 2024.
Maria Helena destacou, porém, que essa coleta de sugestoes para mudanças no Enem não tem nenhuma relação com a crise no Inep que resultou no pedido de demissão coletivo de cargos e funções de 37 servidores. Os ajustes começaram a ser elaborados no ano passado para adaptar o exame ao novo ensino médio.
"O Enem precisa ter uma estrutura de governança que garanta segurança, previsibilidade e transparência ao longo do tempo. Não podemos ter uma mudança no Enem a cada mudança na gestão do MEC ou Inep", finaliza.