Moro, fase 2: o desafio de abrir o leque para apoios de partidos
Depois do evento de filiação ao Podemos, ex-juiz passa agora a vestir a roupa de negociador político
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O ex-ministro Sergio Moro escreveu todo o discurso de filiação ao Podemos na 4ª feira (10.nov), vírgula por vírgula. Centralizador, ele deixou pitacos de assessores para a leitura do teleprompter, o aparelho com a função de exibir textos. Mesmo políticos experientes tropeçam no uso da ferramenta, tornando declarações pouco naturais, travadas. Não foi o que aconteceu naquela manhã. O ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro apareceu à vontade, com pausas e tempos para piadas. Passado o evento, entretanto, Moro na pele de pré-candidato ao Palácio do Planalto para a segunda fase: ampliar o leque de apoios.
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Além da agenda de eventos com o lançamento de um livro autobiográfico no início do próximo mês de dezembro, o ex-juiz inicia o processo de alianças. A mais importante é a escolha do nome do vice, que hoje pende para a senadora Simone Tebet (MDB-MS). No papel de juiz, Moro se acostumou a tomar decisões solitárias. Agora, tais ações serão públicas e envolverão uma série de atores, alguns deles imersos em escândalos políticos em passados recentes. Em entrevistas ao SBT News, caciques do Podemos garantem que o ex-ministro manterá o controle sobre os discursos e as alianças.
Por exemplo, nas discussões para o posto de vice na chapa. O vice-líder do Podemos no Senado, Oriovisto Guimarães (PR), afirmou que a questão será partidária, mas a principal decisão será dele. Assim como quem cuidará da agenda econômica. "Moro tem conversado com economistas mais ortodoxos, de pensamento ligado ao livre mercado e à livre iniciativa. Mas ainda é cedo para fecharmos nomes, porque ele está aberto para conversas", disse.
Apesar do próprio ex-juiz evitar se autotitular como político, e carregar, em um passado recente, pouca interlocução com parlamentares, aliados garantem que ele adotou uma nova roupagem. E citam o discurso dele na cerimônia de filiação e a postura calorosa adotada ao fim do evento, quando recebeu o abraço de políticos próximos e correligionários. "A imagem que se tem dele ainda é de um juiz, que é proibido de falar por lei. Mas ele não é juiz há quase três anos. Agora é um político, que vai manter seus valores. Porém a política exige diálogo. Ele está muito mais aberto, mais amigo e mais negociante", completou Guimarães.
No primeiro momento, tal promessa de autonomia dos líderes do Podemos deve ser cumprida, afinal o partido é pequeno, com poucos parlamentares. Mas à medida que eventualmente Moro ganhe musculatura eleitoral, o risco é que tudo mude.