Metade das crianças são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses no Brasil
País ainda não atingiu a meta de 70% de aleitamento exclusivo por 6 meses da OMS, diz estudo
A meta da Organização Mundial de Saúde é de que até 2030 o Brasil consiga alcançar 70% de aleitamento exclusivo de bebês nos primeiros seis meses. Uma pesquisa inédita coordenada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra como a amamentação está presente na vida de crianças de até dois anos e suas mães. O país ainda não alcançou a meta, mostram os dados.
"Ainda estamos distantes das metas da OMS para 2030: 70% na primeira hora de vida, 70% nos primeiros seis meses, de forma exclusiva, 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos de vida. No Brasil, chegamos a 62,4% de amamentação na primeira hora de vida, 45,8% de aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses, 52,1% aos 12 meses e 35,5% aos 24 meses de vida", resume o professor titular do Instituto de Nutrição Josué de Castro da UFRJ, Gilberto Kac.
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O levantamento foi feito em 123 municípios do país entre fevereiro de 2019 e março de 2020, abrangendo 14.558 crianças menores de 5 anos. Metade das crianças brasileiras são amamentadas por mais de 1 ano e 4 meses. E, também, que no Brasil quase todas as crianças foram amamentadas alguma vez (96,2%), sendo que dois em cada três bebês são amamentados ainda na primeira hora de vida (62,4%).
O coordenador da área de aleitamento materno do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), Cristiano Boccolini, defende mais apoio à mulher amamenta e diz que uso de chupetas e mamadeiras prejudica a amamentação, levando ao desmame precoce.
A pesquisa também levantou dados sobre a chamada amamentação cruzada, que não é indicada pelo Minsiteério da Saúde por causa do risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis. No entanto, uma em cada 5 mães amemntou o filho de outra pessoa ou já deixou o filho ser amamentado por outra mulher. Esse tipo de prática é mais encontrada entre as mães da região norte (34,8%) e no sudeste (21,3%) e nordeste (20,3%). No centro oeste a taxa é de 18,7% e no sul, 12,5%.
Por outro lado, a doação para bancos de leite humano é relativamente baixa: apenas 4,8% das mães de crianças com menos de dois anos de idade aderiram à prática.
Todas estas informações serão usadas para pautar novas políticas públicas para o fortalecimento do aleitamento materno no Brasil.