Denúncias contra Prevent Senior preocupam consumidores idosos
Maioria das empresas não oferece planos individuais
SBT Brasil
As denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior têm preocupado os consumidores. O Brasil tem 30 milhões de idosos e pouca oferta de planos de saúde para essa faixa etária. O consumidor enfrenta preços abusivos, rejeição por conta da idade e prazos longos de carência.
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Dona Maria, de 74 anos, há mais de dez é cliente da Prevent Senior e diz não ter reclamação do atendimento: "Sempre fui bem atendida. Espero que continue". Depois das denúncias contra a empresa apuradas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, essa tranquilidade se tornou preocupação para a família, e os filhos passaram a cogitar uma mudança de plano de saúde. "A gente tem medo do que eles vão, fazer porque os médicos não tem autonomia pra trabalhar ali", disse a filha Gislaine Santos.
Ainda nas palavras dela, "a gente não sabe se eles vão fazer o tratamento que é correto ou que o convênio está mandando". Mas encontrar uma alternativa está difícil. Segundo Gislaine, "o pior é conseguir conciliar alguma coisa que seja boa com o custo benefício, que caiba no bolso de verdade, porque tem planos ótimos, mas são inviáveis".
Valores inacessíveis para a maioria das famílias são, de acordo com especialistas em seguro, o principal obstáculo para que pessoas com mais de 60 anos troquem de plano ou contratem uma nova assistência de saúde no Brasil, mas não é o único impedimento. De acordo com o corretor de seguros Valmir Domingues da Costa, os planos maiores "limitam até uma determinada idade". Ele afirma que "alguns vão até 64 anos, outros 68. Se tiver 70 para cima, não consegue fazer um plano desse nível".
Há também a exigência de um período de carência para quem tem doenças pré-existentes. Além disso, maioria das empresas não oferece planos individuais. Muitas só aceitam clientes empresariais ou filiados a associações de classe. Mas de acordo com Renata Abalém, advogada e presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), se houver interesse por um plano, a operadora é obrigada a aceitar o cliente: "se houver negativa, sem justificativa, esse consumidor pode acionar a ANS [Associação Nacional de Saúde Suplementar], e a ANS, por sua vez, pode até autuar, num valor considerável, a operadora de saúde".
Quem quer trocar de plano, a saída é encontrar um similar e manter a carência do anterior ou buscar, junto à ANS, a portabilidade. Mas é preciso ter um contrato há no mínimo dois anos e o pagamento em dia. No caso de evasão em massa de clientes ou falência da operadora, também cabe à ANS agir para não deixar os segurados sem assistência.
"A ANS pode determinar uma portabilidade especial, uma portabilidade extraordinária. Isso já é previsto em lei e os outros planos teriam que assumir esses clientes", afirma Renata Abalém.
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